Como diferentes etnias indígenas da Amazônia interpretam a origem do universo e suas implicações culturais.
A cosmologia indígena, rica e dinâmica, vai muito além das explicações científicas convencionais. Cada etnia possui sua própria visão de mundo, moldando costumes, cultura e organização social de maneira única.
Povos Yanomami e Omama:
A cultura dos Yanomami, frequentemente obscurecida por desafios como invasões de terras e desmatamento, revela uma visão única do universo. Para eles, Omama é a entidade criadora, responsável pela formação da terra, árvores, montanhas e seres humanos. A antropóloga Daniela Gato destaca que Omama também é visto como o criador do “homem branco”, uma narrativa que influenciou a interação com os colonizadores.

Povos do Alto Rio Negro:
Os cerca de 23 povos indígenas do Alto Rio Negro compartilham uma cosmologia baseada na “criação de gente”. Segundo Daniela Gato, essa criação teve origem na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, lendariamente conhecida como o “lago de leite”. A mitologia envolve uma “canoa da transformação” que moldou as relações sociais e a hierarquia entre esses povos até os dias atuais.

Dinamicidade Cultural:
A antropóloga ressalta que as cosmologias são flexíveis, evoluindo à medida que novas informações emergem. Assim como a cultura contemporânea, essas narrativas se adaptam criativamente sem perder sua base comum. Omama e Yebá-buró permanecem como referências divinas, mesmo que as histórias sejam contadas de maneira diferente ao longo do tempo.