23 de dezembro de 2024

Visita exploratória da Prefeitura com especialistas do RJ encontra sapo “fluorescente” em Vilhena

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Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) de Vilhena, desenvolvem projeto de estudo da fauna local. Nos últimos dias o grupo encontrou várias espécies de anfíbios e répteis, até mesmo uma espécie de sapo “fluorescente”.

Durante esta semana a Semma realiza várias visitas exploratórias na zona rural do município. Uma dessas, inclusive, a cerca de 40 km do Centro, resultou em várias descobertas. Acompanhados pelos biólogos doutor Fábio Hepp e mestra Andressa Bezerra, ambos do Rio de Janeiro, a secretária municipal de Meio Ambiente, Marcela Almeida, e o assessor Thiago Baldine identificaram o Boana punctata, uma espécie de sapo que brilha no escuro, mas com um porém: apenas os indivíduos dessa espécie conseguem enxergar o efeito fluorescente um no outro através de seus olhos adaptados.

“Podemos ver ele emitir essa luz apenas com uma luz negra. Foi constatado que por mais escuro que estiver vão sempre se enxergar uns aos outros como letreiros luminosos na noite. Isso colabora muito para a reprodução, já que são de hábitos noturnos”, explica Thiago Baldine.

O local visitado, uma área de transição do Cerrado para a Amazônia, estava repleto de animais importantes para o estudo pretendido, que é a revisão do catálogo de espécies anfíbias da região. Foram coletadas 10 espécies diferentes.

“Há alguns meses já havíamos iniciado pesquisa no Parque Ecológico. Trouxemos uma equipe para visitar a região, de São Paulo e agora vieram também o Fábio e a Andressa. A intenção é conhecer o município e ter registro da fauna da nossa cidade. Esse é o primeiro levantamento de fauna anfíbia da cidade”, revela Marcela.

A secretária ressalta que conhecer as espécies ajuda na preservação, visto que a ação humana pode extinguir animais antes mesmo de eles serem descobertos. A pesquisa, nesse sentido, se torna uma importante ferramenta de ampliação da proteção das florestas da cidade.

Fábio Hepp, doutor em Biologia da UFRJ, explica que o trabalho em Vilhena pode revelar novas espécies para a comunidade científica. “Faremos um levantamento preciso de anfíbios em Vilhena. A região tem uma importância muito grande no Brasil, por ser uma área de transição Cerrado-Amazônia. Existe uma expectativa alta de encontrarmos espécies desconhecidas, pois já sabemos que muitas das já catalogadas precisam ser reidentificadas”, analisa o especialista.

Nesta semana foram encontrados também várias espécies de sapos e rãs, além de um lagarto e outros integrantes da fauna local que passam por revisão bibliográfica pelos pesquisadores.

O trabalho envolve incursões na mata e longas caminhadas por áreas de vegetação densa, rios, cachoeiras e pântanos. Os principais dois métodos utilizados pela equipe para coletar animais é a busca ativa visual e auditiva. Além disso, outros métodos com armadilhas também deverão ser implementados no decorrer do projeto. Usando tecnologias de gravação de canto dos animais, equipamentos para coleta amostras de tecido para sequenciamento de DNA e várias ferramentas complementares deverão garantir muita informação para ser analisada em laboratório.

PALESTRA – A pesquisa conta com apoio do Ifro (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) de Rondônia bem como da UFRJ. Nesta sexta-feira, inclusive, o biólogo Fábio Hepp ministrará palestra no Ifro de Vilhena, às 19h, com o tema “Identificando a Atual Diversidade de Anfíbios e Suas Principais Ameaças”. A entrada é gratuita.