Mais leitos para o Hospital Regional de Vilhena, reforma da unidade e campanha em prol da prevenção à dengue: estas são algumas das ações que a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) está tomando para diminuir a pressão sobre o Pronto Socorro do HRV, que nesta quarta-feira teve fluxo atípico 46% maior que a média, registrando 359 atendimentos. Os dados do sistema da unidade demonstram que boa parte de seus internados mora em outras cidades do Cone Sul e até do Mato Grosso, o que exige reforço adicional das equipes do hospital quase diariamente.
“Nesta quarta-feira estávamos com equipes de emergência completas e quatro médicos atendendo, mas a maior parte dos pacientes que chegou não puderam receber alta. Tivemos também duas paradas cardíacas em pacientes que exigem a mobilização de vários profissionais por longo período. Os casos graves são atendidos prontamente, no entanto, quando há muitos casos ao mesmo tempo, o Hospital chega à sua capacidade máxima”, revela o diretor do HRV, Faiçal Akkari, que deixou de comemorar o aniversário de 14 anos de seu casamento para permanecer no hospital até 1h30 da madrugada.
MILHARES DE ATENDIMENTOS – A Ala Masculina está reservada para reforma, que deve começar em breve, mas o hospital está preparando-a de forma emergencial para comportar 20 novos leitos a fim de absorver melhor a demanda excessiva deste mês. Segundo o SPP (Serviço de Prontuário do Paciente), entre 20 de janeiro e 20 de fevereiro, o pronto socorro atendeu 7.402 pessoas, uma média de 246 por dia. No entanto, apenas nesta quarta-feira, dia 11, foram atendidas 359 pacientes, número 46% maior.
Internados
Os números do setor de Internação do hospital mostram que em fevereiro a média de internações no Hospital foi de 96 por dia, no entanto, nesta quarta-feira, dia 11, haviam 148 pessoas internadas no HRV. Destas mais de 20% eram de outras cidades e estados. Os atendimentos de pacientes que não ficaram internados, contudo, também somam muitos pacientes da região.
O médico chefe da emergência do Pronto Socorro, Cliver Sousa, conta que a equipe trabalhou com toda sua capacidade. “A grande maioria dos pacientes de fora ficam internados. O paciente que sai de um município para chegar aqui geralmente tem quadro grave, o que necessita de mais técnicos, enfermeiros e médicos que os outros. Quase diariamente nossas equipes recebem reforço de servidores fora de plantão e em março a quantidade de pacientes aumentou muito além das nossas expectativas”, revelou.
Cliver revela que, apesar de estarem preparados para o período chuvoso com aumento de casos de dengue, nos últimos dias houve grande surto de arbovirose e dengue. “Em 2020 essas doenças se intensificaram muito. Isso ‘pegou’ a gente de surpresa, porque em comparação aos últimos anos aumentou muito neste mês”, conta.
De fato, a Atenção Básica realiza o monitoramento da dengue no município e revela que apenas nos 70 primeiros dias de 2020 houve 102 casos confirmados de dengue em Vilhena, número duas vezes maior que a soma de todos os últimos três anos inteiros: 11 em 2019, 12 em 2018 e 18 em 2017.
Planejamento
A Semus e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, em parceria com o Estado, providenciam já há alguns dias planejamento de combate à dengue no município. A campanha de conscientização para limpeza de quintais começou e as ações nos bairros devem iniciar nos próximos dias.
REFORMAS E AMPLIAÇÕES – A reforma do Hospital, com orçamento de mais de R$ 3 milhões aprovado pela Câmara na última terça-feira, 10, deve criar novos 40 leitos no HRV em breve. “Vilhena cresceu muito, mas o hospital não cresceu. A demanda do interior é muito grande e estamos tendo essa dificuldade. Com os novos planos da direção, junto à gestão, em ampliar a sala vermelha para torná-la uma semi-intensiva, iremos comportar melhor a demanda do Cone Sul. As reformas vão dar um suporte melhor para as equipes e poderemos trabalhar mais confortáveis, mais tranquilos e oferecer mais conforto para os pacientes, que são o nosso foco aqui”, explica o chefe da emergência, Cliver Sousa.
Construção
Faiçal reforça ainda que está prevista a construção de um novo prédio para o hospital, também com crédito adicional de quase R$ 12 milhões aprovado na última terça-feira, na Câmara de Vereadores. “Ainda assim, por meio de uma conta rápida, é possível ver o quanto o Cone Sul pesa na Saúde de Vilhena: 1 de cada 3 nascimentos aqui no hospital são de famílias de outras cidades. Cada parto consome cerca de R$ 4 mil. Assim, apenas os 806 partos que fizemos em 2019 de mães vindas da região consumiram R$ 3,2 milhões da nossa Saúde”, conta.
Ainda que, dos 359 recebidos, cerca de 10 pacientes tenham sido atendidos temporariamente nos corredores na noite de ontem, o hospital disponibilizou cadeiras ortopédicas grandes e almofadadas para receberem o acompanhamento das equipes de técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos. “Agradeço ao profissionalismo da equipe, que soube lidar com a situação difícil e complexa, sem precisar da minha interferência, nem de ninguém, pois são formados e fizeram seu trabalho. Estive aqui e acompanhei tudo, chamei médicos adicionais, carreguei macas, apoiei no que foi necessário, mas o mérito de termos atendido todos é da equipe guerreira e dedicada do pronto socorro”, completa Faiçal Akkari.