O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu o presidente da Argentina, Javier Milei, na Casa Branca nesta terça-feira (14). O encontro ocorreu uma semana após Washington concordar em conceder a Buenos Aires uma ajuda financeira de US$ 20 bilhões.
Durante um almoço com o presidente argentino, Trump afirmou que os EUA desejam auxiliar a Argentina, mas também seus próprios interesses. Ele não descartou a possibilidade de um acordo de livre comércio com o país sul-americano.
Condições para o apoio
O republicano destacou a intenção de apoiar o governo de Milei, mas alertou que os EUA podem não ser tão generosos caso ele não tenha sucesso nas eleições legislativas deste mês. “Se ele perder, não seremos generosos com a Argentina. Nossos acordos estão sujeitos a quem vencer a eleição. Com um socialista, fazer investimentos é muito diferente”, acrescentou Trump.
O governo argentino enfrenta pressões devido a escândalos de corrupção e à desconfiança dos mercados. As eleições legislativas de Buenos Aires, em setembro, resultaram em uma vitória da oposição, o que levantou alertas sobre a capacidade de Milei de aprovar suas políticas no Congresso.
Trump ressaltou que os EUA não têm obrigação de ajudar países da América do Sul, mas que o auxílio à Argentina é importante para a estabilidade do continente. Ele mencionou a aproximação de países sul-americanos com os EUA, citando o Brasil como exemplo, e criticou a Argentina por manter relações com a China e os BRICS, que, segundo ele, atuam para enfraquecer o dólar.
Detalhes do acordo
Na semana passada, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou que o apoio americano virá por meio de um acordo de *swap* cambial com o banco central argentino. “O Tesouro dos EUA está preparado, imediatamente, para tomar quaisquer medidas excepcionais que se mostrem necessárias para garantir a estabilidade dos mercados”, disse Bessent.
O Banco Mundial também informou a aceleração de seu plano de apoio de US$ 12 bilhões à Argentina, destinando até US$ 4 bilhões nos próximos meses por meio de financiamento do setor público e investimentos privados. O banco de desenvolvimento afirmou que o pacote apoiará as reformas e a estratégia de crescimento de longo prazo do país.
A crise argentina se intensificou após a derrota de Milei nas eleições de Buenos Aires. A bolsa de valores e os títulos públicos registraram quedas, e o peso argentino se desvalorizou. A volatilidade diminuiu após o anúncio do apoio dos EUA.
O próximo teste para Milei será nas eleições de meio de mandato, em 26 de outubro, quando os eleitores renovarão parte do Congresso argentino. O resultado poderá ter um impacto significativo nos mercados.