Uma solução inovadora desenvolvida pela Embrapa está transformando o transporte de produtos em comunidades isoladas da Amazônia. Trata-se de um sistema de cabos aéreos, uma espécie de “tirolesa de carga”, projetado para escoar produtos como castanha-do-brasil, açaí e breu, facilitando a vida de quem trabalha na floresta.
O equipamento utiliza cabos de aço esticados entre as árvores, capaz de transportar até 500 quilos. Em testes, uma carga de 180 quilos percorreu um trajeto em menos de 30 segundos, demonstrando a eficiência do sistema em terrenos acidentados.
“Esse projeto tem nos ajudado muito a testar essa tecnologia que atende a milhares de áreas extrativistas na região amazônica”, explica a pesquisadora da Embrapa, Kátia Emídio da Silva.
Durante um curso de capacitação, moradores locais aprenderam a instalar e manter o sistema, garantindo a segurança no transporte. “Verificar desde o básico, desde a instalação, como esticar o cabo de aço. Se for contar toda a questão de limpeza da área, esticar os cabos de aço, em um dia foi feita a manutenção do ramal e a instalação da linha de transmissão pra escoar a produção extrativista”, detalhou o instrutor técnico Alacimar Viana.
A iniciativa, inspirada nas tirolesas de aventura, é uma alternativa sustentável para o extrativismo, unindo tecnologia e a preservação da floresta. Para a agroextrativista Sandra Amazonas, o equipamento vai revolucionar o dia a dia das famílias da região.
“Lá na aldeia, a maioria das mulheres leva as castanhas nas costas, o saco de farinha, o saco de mandioca. A gente não tem transporte pra tirar do mato e levar pra casa pra fazer o beneficiamento da castanha. Isso daí vai facilitar muito. Tecnologia muito legal, eu gostei”, comentou Sandra, que cresceu em uma reserva extrativista e testemunhou o trabalho árduo de carregar produtos nas costas.
Os organizadores do curso doaram três kits completos com cabos e materiais para as comunidades, permitindo que mais pessoas se beneficiem da tecnologia. A expectativa é que a “tirolesa de carga” melhore a qualidade de vida de muitos extrativistas e impulsione a economia local.
*Por Catiane Moura, da Rede Amazônica AM
