Vyacheslav Penchukov, o ‘Tank’, um dos cibercriminosos mais procurados pelo FBI, revelou detalhes sobre o funcionamento de gangues cibernéticas em uma entrevista exclusiva concedida à BBC da Penitenciária de Englewood, no Colorado. Após anos na lista dos mais procurados e envolvimento em duas organizações criminosas distintas, Penchukov detalhou suas atividades e a mentalidade por trás dos ataques.
Ascensão no submundo digital
Penchukov, de 39 anos, atribui seu sucesso não à genialidade técnica, mas à sua habilidade em fazer amigos e construir uma rede de contatos influentes. Ele liderou o grupo Jabber Zeus no final dos anos 2000, utilizando uma tecnologia inovadora para roubar diretamente de contas bancárias de empresas, prefeituras e instituições de caridade, causando prejuízos de milhões de dólares, especialmente no Reino Unido.
Evolução para o ransomware
Entre 2018 e 2022, Penchukov expandiu suas operações para o lucrativo mercado de ransomware, atacando corporações internacionais e até hospitais. Ele se juntou a grupos como Maze, Egregor e Conti, aumentando significativamente seus ganhos. Segundo Penchukov, o ransomware era mais trabalhoso, mas gerava lucros ainda maiores, chegando a US$ 200 mil por mês.
Prisão e revelações
A prisão de Penchukov ocorreu em 2022, na Suíça, em uma operação dramática que envolveu atiradores no telhado e sua detenção à força, em frente a seus filhos. Ele critica a forma como foi preso, considerando-a exagerada, mas reconhece o impacto devastador de suas ações em milhares de vítimas ao redor do mundo.
Conexões com a Rússia
Penchukov afirma que as gangues de ransomware frequentemente mantinham contato com agentes dos serviços de segurança russos, como o FSB, levantando suspeitas sobre a cumplicidade do governo russo em atividades cibernéticas. A BBC procurou a Embaixada da Rússia em Londres para obter comentários, mas não recebeu resposta.
Impacto nas vítimas
A entrevista revela o impacto devastador dos ataques cibernéticos em vítimas como a Lieber’s Luggage, uma loja familiar em Albuquerque, Novo México, que perdeu US$ 12 mil em um ataque do Jabber Zeus. A proprietária, Leslee, relata o choque e a frustração de ter o negócio ameaçado por causa do crime cibernético.
Penchukov, condenado a nove anos de prisão e a pagar US$ 54 milhões em restituição, expressa arrependimento apenas por ter confiado demais em outros hackers, o que levou à sua captura. Ele alerta para a paranoia constante no mundo do cibercrime e a inevitabilidade de ser traído por parceiros.











