19 de setembro de 2024

Substâncias tóxicas e cancerígenas são encontradas em material usado como aterro de pontes e loteamento

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Substâncias tóxicas e cancerígenas são encontradas em material usado como aterro de pontes e loteamento

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Substâncias tóxicas e cancerígenas são encontradas em material usado como aterro de pontes e loteamento em castanheiras
Laudos comprovam que Amazon Fort e/ou suas subsidiárias lançou material contaminado em locais proibidos.
Há, ainda, suspeitas de que o possível crime ambiental tenha se repetido em mais outros 20 municípios, como em municípios de Ji-Paraná, Alvorada d’Oeste e Pimenta Bueno, e outros, onde havia usinas termelétricas da Guascor/Ceron.
Vários componentes químicos, altamente tóxicos e cancerígenos, presentes em combustíveis, como benzeno e xilenos, foram encontrados em rejeitos usados como aterro de loteamento popular e cabeceiras de rios em castanheiras.
Uma denúncia protocolada na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), em novembro de 2019, afirmava que a Amazon Fort – Soluções Ambientais, ou suas subsidiárias, estaria retirando material de uma antiga usina termelétrica, que havia sido contaminada por combustíveis, e despejado todo o rejeito em áreas impróprias, como na recuperação de cabeceiras de pontes e até em terreno destinado para construção de hospital no município de Castanheiras.
“Disseram que era material de demolição em Rolim de Moura. Não sabíamos que era material contaminado”, afirmou o presidente da Câmara de Vereadores de Castanheiras, Izaias Dias Fernandes.
O presidente da Câmara liderou uma comitiva, com a equipe de reportagem e mais dois parlamentares, até pontos onde foi usado o material para aterro de bueiros e pontes, próximos à cidade. “O prefeito ganhou esse material e a gente não sabia que poderia prejudicar nossa cidade”, disse angustiado, o vereador Orlando Aparecido Pereira, que integrava a comitiva.
Há a suspeita de que o material possa ter sido usado na obra de um Hospital, em construção em Castanheiras. O que poderá comprometer a qualidade da água de poços que abastecerão a unidade de saúde se for comprovado.

Contaminação

Em Rolim de Moura, na segunda metade da década de 1990, com o vazamento óleo diesel e óleos lubrificantes, da antiga usina termelétrica da Guascor do Brasil Ltda., no Bairro Centenário, todo o solo do local foi contaminado, sendo atingindo ainda o lençol freático.

Famílias

Em razão disso, na época, a Eletrobras – Distribuição Rondônia, passou a pagar a conta de água de cerca de 30 famílias da localidade, uma vez que a água de poços da região tornou-se imprópria para consumo, dado o grande volume de óleo que ainda permeia o lençol freático até hoje.
A Amazon Fort, e/ou suas subsidiárias, de acordo com o contrato, deveria transportar todo o material removido para Porto Velho, para a destinação final adequada.
Mas isso, segundo a denúncia, não aconteceu.
No dia 29 de novembro de 2019, a Polícia Militar Ambiental de Alta Floresta, a pedido da Sedam, fez diligências e comprovou a denúncia.
O assunto só se tornou público em abril deste ano, após reportagem feita pelo Site ROBR.
Posição da empresa:
A Amazon Fort disse em nota que as acusações eram infundadas e apresentou um laudo que suspostamente descartava a possibilidade de contaminação.
Entretanto, não há comprovação de que o laboratório contratado pela empresa seja credenciado e possa apresentar resultados, de forma fidedigna.
O documento foi entregue à Policia militar Ambiental e ao Ministério Público.

Sedam

A Sedam não se interessou pelo assunto.
E, quando questionada, respondeu dizendo que “Nenhum agente de proteção ambiental (fiscal) da SEDAM, designado pela Coordenadoria de Proteção Ambiental – COPAM, esteve no local para atendimento da denúncia”.
Acrescentou que “no local foram encontrados resíduos de concreto de construção da antiga CERON, e terra que foram retiradas do pátio da referida empresa”.

Foge do objeto

A Sedam disse não dispor da informação, sobre o laboratório “vez que foge do objeto fim desta Secretaria”, disse em nota.
E finalizou reafirmando que “A referida empresa NÃO foi autuada pelo ERGA de Rolim de Moura, nem por esta COPAM”, concluiu.

Novos laudos

Passados seis meses, desde o lançamento dos rejeitos, a equipe de reportagens foi à alguns dos locais, para colher amostras para produzir um laudo independente.
Em Jardinopolis, distrito de Castanheiras, o rejeito foi empregado no aterro de uma área da prefeitura, onde será construído um conjunto habitacional.
Os montes de rejeitos já haviam sido lavados por mais de cinco meses de chuvas, entre novembro e abril.
Mesmo assim, a presença de componentes químicos encontrados em combustíveis foi detectada.
Os Xilenos e Benzeno, que são tóxicos e altamente cancerígenos, estão presentes acima dos níveis aceitáveis.
Valendo salientar, que a coleta de amostras foi em nível superficial, após meses de chuvas intensas. Em profundidades maiores, esses valores poderão ser ainda mais preocupantes.
Na Amostra 02, os Xilenos, componente químico dos combustíveis também extrapolaram os níveis aceitáveis.
Os vereadores de Castanheiras ficaram muito preocupados, pois esse material foi utilizado para aterrar cabeceiras de pontes em várias partes da zona rural do município.
O que poderá comprometera qualidade da agua dos rios que é usada, por exemplo, para irrigar plantações de maracujá, o carro forte da agricultura local, além de servir para saciar a sede do rebanho bovino.
A reportagem questionou o ministério público sobre as medidas adotadas.
As recomendações do órgão à Polícia Militar Ambiental e à Sedam, se o laudo emitido pela própria Amazon Fort, seria cabal para afirmar que não havia riscos ambientais, se o MP esperava que o “suspeito” apresentasse provas contra sí próprio- uma vez que ninguém é obrigado a isso, conforme a legislação vigente no país, se o laboratório que realizou as análises é homologado e/ou licenciado para isso, se a coleta de amostras (que deram base ao laudo) foi feita com a presença de algum ou alguém com fé pública e/ou gravada em vídeo, para atestar de onde foi realmente retirada e, se o fato da Sedam não ter investigado a suspeita pode incorrer em prevaricação.
Até agora não tivemos resposta. Fonte: ROBR