Um novo software de inteligência artificial (IA) está ajudando a identificar atrasos no desenvolvimento de crianças na Amazônia paraense. A ferramenta, fruto de um estudo financiado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), é acessível por qualquer dispositivo com conexão à internet e promete agilizar o diagnóstico e o suporte adequado.
O projeto, chamado Sistema Inteligente para a Promoção do Desenvolvimento Infantil (SDIA), foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), através do Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada (NPCA). A ferramenta foi criada com base no Manual de Crescimento do Ministério da Saúde e na Lei Brasileira de Inclusão, visando auxiliar profissionais de saúde, educação, pais e cuidadores.
O software funciona como uma entrevista interativa, emulando o conhecimento contido na Caderneta da Criança (SUS). Ao responder a perguntas sobre o desenvolvimento do pequeno, o sistema indica se ele está dentro do esperado, em alerta ou com algum atraso.
“Com esse sistema, os profissionais terão a possibilidade de identificar crianças com possíveis atrasos já na primeira infância”, explica o coordenador do projeto, professor Marcus Braga. Ele ressalta que a iniciativa surgiu da necessidade de oferecer suporte às crianças que, muitas vezes, não têm acesso a acompanhamento médico regular, especialmente em áreas de vulnerabilidade social.
O SDIA já passou por testes em escolas de Belém, com a capacitação de 50 profissionais do Centro de Referência em Educação Infantil Orlando Bitar. As professoras aplicaram o software em sala de aula e os resultados foram registrados no sistema, permitindo o monitoramento e a identificação de crianças que precisam de atenção especial.
Após dois anos de desenvolvimento, o projeto resultou em um software registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e um aplicativo protótipo, disponível gratuitamente para professores. A equipe do projeto planeja estender o uso do aplicativo para unidades de saúde, assistência social e até mesmo para os pais, facilitando o acesso à ferramenta e ampliando o impacto da iniciativa.
“Temos uma ferramenta robusta, fácil de usar e que pode dar um indicativo importante sobre o desenvolvimento da criança. Isso permite que pais, professores e profissionais tomem conhecimento de quem precisa de atenção e ofereçam o atendimento e os estímulos necessários”, afirma Braga.
O presidente da Fapespa, Marcel Botelho, destaca a importância do investimento em pesquisa para o desenvolvimento de soluções inovadoras como o SDIA. “A Fapespa tem sido fundamental para fomentar pesquisas que visam melhorar a qualidade de vida da população paraense, especialmente das crianças”, conclui Botelho.
O NPCA, localizado em Paragominas, dedica-se a investigar técnicas de computação aplicada por meio de projetos de longo prazo, com apoio contínuo da Fapespa.











