
Município tinha mais de 5 mil doses armazenadas e recebeu outras 15 mil unidades nesta semana. Segundo o governo municipal, lote será destinado para a imunização de ribeirinhos com doenças preexistentes. O secretário de saúde de Iranduba, Ricardo Freitas, explicou que todas as vacinas contra a Covid-19 em estoque no município serão usadas na segunda aplicação de profissionais da saúde e idosos. Nesta quarta-feira (31), o G1 apurou que o número de doses armazenadas no município ultrapassa 5 mil.
Nesta mesma semana, Iranduba recebeu um novo lote de 15 mil doses. Com isso, segundo o vacinômetro da Fundação de Vigilância e Saúde do Estado (FVS-AM), a cidade teria mais de 23 mil. Em relação às 15 mil recebidas nesta semana, o secretário afirmou que o lote será destinado para a imunização de ribeirinhos com doenças preexistentes.
“Não temos essa sobra. Nós estamos obedecendo o Plano Estadual de Imunização. Recebemos 6.921 doses antes dessas 15 mil e, com essas doses anteriores, nós conseguimos imunizar 3.200 pessoas, o que representa 54% do público-alvo dessa fase da imunização. Não podemos pegar essas seis mil doses e aplicar em seis mil pessoas. Precisamos garantir a segunda dose de quem já foi imunizado, nesse caso os idosos e os profissionais da área da saúde”, disse.
Freitas também falou sobre a imunização dos ribeirinhos que começou nessa semana com a nova remessa enviada pelo governo. Para o secretário, até o final de abril, o município vai conseguir vacinar todos aqueles que tem doenças preexistentes, entre 35 e 59 anos.
“Segunda-feira nós recebemos essas doses, montamos uma logística e começamos por comunidades que foram bem afetadas pela Covid, como Catalão, Casa Branca e Nova Vila. Lá, nós vacinamos todo mundo que tem comorbidade entre 18 e 35 anos. O plano nos permite fazer esse arranjo, até porque, por exemplo, no Catalão, nós chegamos a ter 90% das pessoas que vivem ali contaminadas com a Covid. Nas demais comunidades ribeirinhas, nós fazemos vacinar 100% das pessoas de 35 a 59 anos, e se conseguirmos, vamos tentar alcançar aqueles que não tem comorbidades também”.
UBS em Iranduba é a única que tem vacinação todos os dias.
Matheus Catro/G1
O G1 esteve no município na manhã desta quinta-feira (1) e acompanhou a movimentação em duas UBSs da cidade. No entanto, segundo o relato de moradores e profissionais da área da saúde, a vacinação contra o coronavírus só acontece de forma diária na Unidade Lourenço Borghi. Nas demais, a vacinação ocorre apenas em um dia por semana, como é o caso da UBS Artur Freire da Cunha, às quinta-feira.
No entanto, segundo o secretário, a informação não procede. “A imunização precisa ser descentralizada, mas nós precisamos encaminhar conforme a demanda. Lá na Unidade Básica de Saúde, na ponta, é rastreado o perfil para vacinar. As equipes pegam a vacina aqui, a gente decentraliza para a faixa etária ser vacinada e depois elas devolvem para não termos perdas de doses. Temos que ter o cuidado para não perdermos nada”, explicou.
A aposentada Ana Maria Almeida, de 76 anos, recebeu a segunda dose da vacina nesta quinta. Ao G1, ela contou que chegou a se isolar em um sítio durante a primeira onda da doença e que perdeu muitos amigos. Agora, imunizada, está um pouco mais tranquila.
Aposentada recebeu a segunda dose nesta quinta-feira (1), em Iranduba.
Matheus Catro/G1
“Muitas pessoas queridas, amigas, foram embora. Na minha família, graças a Deus, todos os que pegaram foram leves, conseguiram se recuperar. Eu cheguei a me isolar da primeira vez, mas dessa outra não consegui. Foi muito difícil. Agora tô bem e feliz, graças a Deus”, relatou.
O mecânico Edy Sérgio Chaves, de 61 anos, reclamou que falta assistência básica para os moradores do município. Mesmo com o encaminhamento de um médico para uma consulta com um pneumologista, a espera dura mais de dois meses.
“Não tem como fazer acompanhamento por aqui porque não tem nada, não tem medicamento, não tem médico. O cara não morreu em Manaus, é capaz de morrer por aqui. Estou tentando há dois meses com um pneumologista, um clínico e nada. Quem teve Covid tem sequelas e eu quero continuar o tratamento”, desabafou.
Mecânico tem encaminhamento para consulta, mas está há dois meses sem resposta.
Matheus Castro/G1
O mecânico ficou 21 dias internado no Hospital Universitário Getúlio Vargas. De volta para casa, quer dar continuidade ao tratamento, mas não sabe se será possível. “O cara já sai de uma situação difícil e vem para o municio onde mora terminar o acompanhamento e não tem nada. Fica difícil. Sem emprego, sendo velho, não está aposentado, não tem renda. É difícil”.
Questionado sobre a situação do mecânico, o secretário de saúde do município diz que a administração é nova. Mas, os problemas são bem anteriores e se agravaram por conta da pandemia. “Essa falta de materiais não é de agora. Falta medicamentos há mais de nove meses. A atenção primária parou porque tudo se concentrou em Covid. Mas a gente está tentando resolver. Nessa semana, inclusive, temos aí um pregão eletrônico para a aquisição de medicamentos”, concluiu.
Veja os vídeos mais assistidos do G1 Amazonas











