Moradores enfrentam obstáculos para chegar e sair de suas comunidades devido à crise no Rio Negro.
A crise no Rio Negro, Amazonas, está impactando significativamente a vida da população ribeirinha, que enfrenta dificuldades de locomoção para sair e retornar às suas comunidades. Na Marina do Davi, principal terminal público de Manaus para deslocamento a comunidades ribeirinhas, como Igarapé, Tarumã Mirim, Praia da Lua e Praia do Tupé, os moradores enfrentam um cenário desafiador.
Após descer uma ladeira na Marina, os passageiros precisam percorrer quase um quilômetro atravessando lama, bancos de areia e pontes precárias de madeira, em um trajeto arriscado, até chegar ao ponto de embarque nos pequenos barcos que ainda conseguem fazer a travessia.
Dona Madalena Soares Fernandes, 73 anos, moradora de Tarumã, relata a dificuldade de caminhar até o local de embarque: “É muita dificuldade, com muita areia. Está difícil de chegar em casa, está horrível.” Ela enfrenta essa situação há quase três meses, destacando a persistência da seca. Dona Madalena compartilha a saga de carregar um garrafão de água e contratar alguém para transportar a ração para suas galinhas, caminhando três horas após o desembarque.
A seca também gera oportunidades para os moradores locais, como Leandro da Silva, de 27 anos, que trabalha na Marina transportando mercadorias. Ele comenta: “A seca quebra as pernas de todo mundo, tem gente que sobrevive de flutuante e pode ver, tudo parado. As lanchas não passam, agora só as rabetinhas.” Barqueiros cooperativados, como João da Rocha Lopes, 52 anos, enfrentam dificuldades desde outubro, perdendo o movimento e enfrentando situações precárias.
A seca severa no Amazonas, evidenciada pelo nível histórico do Rio Negro, continua a impactar a população, com todos os 62 municípios do estado em situação de emergência. O desafio persiste, enquanto o Instituto Nacional de Meteorologia emite alerta de perigo para chuvas intensas na região.