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23 de dezembro de 2025

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Sambaquis na Amazônia revelam segredos da alimentação e biodiversidade

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Monumentos de conchas e terra, construídos há milhares de anos por populações indígenas na Amazônia, estão revelando informações valiosas sobre a biodiversidade e os hábitos alimentares dos povos que habitaram a região. Conhecidos como sambaquis, esses sítios arqueológicos estão sendo estudados por pesquisadores brasileiros e franceses.

A pesquisa, liderada por cientistas do Museu Nacional de História Natural (MNHN) da França, em parceria com instituições brasileiras como a FAPESP e a Universidade de São Paulo (USP), foi apresentada durante o Fórum Brasil-França sobre Florestas, Biodiversidade e Sociedades Humanas. Os sambaquis, que normalmente são encontrados em áreas litorâneas, têm sido identificados também em locais como o litoral do Salgado, na foz do rio Amazonas, e no Baixo Amazonas.

“Esses locais são verdadeiras memórias do passado, visitados e ocupados por milhares de anos. Isso permite estudar as transformações na biodiversidade e na alimentação dos povos originários ao longo do tempo”, explica a pesquisadora Gabriela Prestes Carneiro, do MNHN, coordenadora do projeto.

Um estudo financiado pela FAPESP já havia demonstrado que a Amazônia era densamente povoada no passado, e que a ação humana teve um papel importante na formação da floresta como a conhecemos hoje. Os sambaquis, agora, fornecem evidências mais detalhadas sobre essa interação.

No sítio arqueológico do Munguba, localizado entre os rios Tapajós e Xingu, pesquisadores iniciaram estudos em 2022. As primeiras datações indicam que o local tem cerca de 3.500 anos de idade, e sua função exata ainda está sendo investigada – alguns sambaquis serviam como cemitérios e outros como moradias.

Uma característica interessante dos sambaquis é que, ao se degradarem, as conchas liberam carbonato de cálcio, que preserva restos de animais e plantas. Essa “cápsula do tempo” permite aos pesquisadores analisar sementes, escamas de peixes e ossos de diversos animais, revelando o que era consumido no passado.

Entre os achados, destacam-se vestígios de moluscos que não são mais consumidos atualmente, como o uruá (Sultana sultana), utilizado no preparo de farinha. Também foram encontradas evidências do consumo de carne de peixe-boi, um hábito ainda recente na região, e de peixes com muitas espinhas, como o bacus-pedra e o tamoatá, menos comuns nos mercados locais.

A arqueóloga ressalta que muitas práticas alimentares tradicionais da Amazônia estão sendo substituídas por alimentos industrializados, e que os dados arqueológicos podem ajudar a reintroduzir plantas e hábitos alimentares do passado, como já está sendo feito em projetos de merenda escolar em Tefé (AM).

No entanto, os sítios arqueológicos estão ameaçados pela passagem de navios cargueiros, que transportam principalmente soja, e pelas atividades de pesca, que podem danificar os sambaquis. A preservação desses locais é fundamental para a compreensão da história e da biodiversidade da Amazônia.

*Conteúdo originalmente publicado pela Agência Fapesp, por Elton Alisson*

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