Com a chegada da energia do Linhão Manaus–Boa Vista, Roraima agora faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), o que promete transformar o estado em um novo polo estratégico de energia e atrair investimentos importantes.
A conexão com o SIN, viabilizada com financiamentos do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), através do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), representa um investimento total de R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 2,5 bilhões destinados à linha de transmissão.
A mudança já está dando resultados: em setembro, Roraima exportou 27 MegaWatts (MW) para o SIN, demonstrando que a produção de energia no estado já é suficiente para atender à demanda local e ainda contribuir com o restante do país. Para Aluízio Nascimento da Silva, secretário Extraordinário de Atração de Investimentos do Governo de Roraima, isso é apenas o começo.
“O grande potencial do linhão não é apenas Roraima estar conectado ao sistema nacional, mas sim criar as condições ideais para atrair investimentos. Queremos transformar essa capacidade em uma oportunidade constante e fazer dela o motor do desenvolvimento do estado”, afirma Nascimento.
A linha de transmissão, em circuito duplo de 500 kV, liga as subestações Lechuga, Equador e Boa Vista. Inicialmente, operará com cerca de 55% da sua capacidade, complementada pela energia das usinas locais até o fim dos contratos existentes. A integração ao SIN também garante acesso ao mercado livre de energia, abrindo caminho para novas indústrias, projetos de irrigação e o fortalecimento do agronegócio, que tem crescido rapidamente em Roraima.
O secretário destaca que diversos setores já demonstraram interesse, especialmente o de data centers, com propostas em andamento. Há também o potencial para agroindústrias, como frigoríficos, que podem atender tanto o mercado local quanto o do Amazonas, além de países vizinhos como Venezuela, Colômbia, Guiana e até o Caribe.
Além da energia, a localização estratégica de Roraima pode impulsionar a conectividade. “A Guiana já recebe quatro cabos de fibra ótica internacionais. Com a nossa rede chegando à fronteira, podemos trazer essa infraestrutura para o Norte do Brasil, criando redundância e melhorando a comunicação em toda a região”, explica Nascimento.
Para atrair esses investimentos, o governo de Roraima lançou o programa Roraima Day em 2019, que busca apresentar o estado a investidores, destacando suas vantagens em áreas como energia, regularização fundiária e meio ambiente. O programa já visitou nove estados e recebeu centenas de empresas em eventos, com resultados concretos, como as 34 visitas agendadas após o evento em Curitiba.
A inclusão de Roraima no SIN foi oficializada em 10 de setembro, com a presença do presidente Lula e do ministro do MIDR, Waldez Góes. O ministro ressaltou que essa iniciativa é um marco histórico para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
A expectativa é que o linhão de Tucuruí atenda cerca de 70% da demanda energética de Roraima até 2026, substituindo as usinas termelétricas a óleo diesel. Essa mudança pode reduzir em mais de R$ 500 milhões anuais os custos da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), um subsídio pago por todos os brasileiros para garantir o fornecimento de energia em áreas isoladas. Em 2023, a CCC custou R$ 13 bilhões ao país, sendo Roraima um dos estados que mais contribuía para esse gasto.