19 de abril de 2024

Pai volta a estudar aos 61 anos para auxiliar e incentivar os sonhos do filho com paralisia cerebral em Rondônia

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Pai volta a estudar aos 61 anos para auxiliar e incentivar os sonhos do filho com paralisia cerebral em Rondônia

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No final de julho, Seu Nelson e o Vitor colaram grau juntos, após quatro anos e meio de faculdade de jornalismo. Formados, a dupla planeja o futuro. Seu Nelson e Vítor, durante apresentação na faculdade em Porto Velho
Reprodução/Redes Sociais
Um ditado popular afirma que: “avô é pai duas vezes”. Esse é exatamente o papel que Nelson Maciel, de 65 anos, exerce na vida do neto/filho, Vitor Maciel. A ligação entre os dois fez o Seu Nelson voltar a estudar aos 61 anos, como forma de acompanhar e incentivar os sonhos do Vitor, com paralisia cerebral.
No final de julho, a dupla se formou em jornalismo e agora, planejam uma nova parceria.
Como tudo começou
Vitor foi concebido pela filha mais velha de Seu Nelson, quando ela tinha 15 anos. “Foi uma gravidez complicada, tanto que ele nasceu com apenas seis meses e ficou na incubadora do Hospital de Base”, conta.
Vitor sofreu uma paralisia cerebral que causou o comprometimento da coordenação motora. Para conseguir andar com um andador, ele precisou passar por 20 cirurgias e um tratamento de pelo menos cinco anos em São Paulo. Para longos deslocamentos, ele usa uma cadeira de rodas.
“No mais é tudo certo. Ele fala, fala muito bem, às vezes fala até demais”, conta o Seu Nelson, bem humorado.
Vitor quando era criança
Redes Sociais/Reprodução
Como a mãe do Vitor era bem nova quando engravidou, Seu Nelson e a esposa, Elizete Maciel, sempre participaram assiduamente de cada etapa da criação dele.
Por esse motivo, Vitor tem dois pais e duas mãe. “Todo mundo me chamava de ‘papai’ e ele começou a chamar também, ninguém me chamava de ‘avô’. Mesmo quando ele cresceu, continuou assim”, revela Nelson.
Vida acadêmica
A última vez que o Nelson tinha pisado em uma faculdade, foi em 1997, quando cursou direito, em Mogi das Cruzes (SP).
“Para ele, foi um recomeço, porque ele teve que aprender tudo de novo. Foi um desafio”, conta Vitor.
“Vitor é uma pessoa determinada”: essa é a frase que o Nelson escolhe pra explicar como ele escolheu cursar jornalismo. Enquanto a maioria da família se interessava pela área do direito, ele queria ‘algo diferente’.
Quando estava no ensino médio, Vitor e seus amigos receberam a visita de um grupo de professores universitários, que apresentou os cursos que eles e os colegas poderiam escolher. Sem hesitar, foi pelo jornalismo que ele se apaixonou.
Para auxiliar o Vitor na locomoção, Seu Nelson ia até a faculdade e ficava na sala assistindo a aula e fazendo anotações. Ele só não esperava que uma das professoras iria propor um desafio: enquanto assistisse as aulas, ele também teria que fazer as atividades e apresentar os trabalhos.
“Eu pensei ‘é já que eu vou ter que ir mesmo, deixa eu me matricular”, conta.
Pai volta a estudar aos 61 anos para auxiliar e incentivar os sonhos do filho
Redes Sociais/Reprodução
Presente de Dia dos Pais
No final de julho, Seu Nelson e o Vitor colaram grau juntos, após quatro anos e meio de faculdade. Para eles, foi um presente de Dia dos Pais antecipado.
“Meu sentimento é de missão cumprida. Formei todos os meus filhos e o Vitor foi especial porque eu estava lá, do lado dele”, conta Nelson.
Para o Vitor, foi difícil conter a emoção vendo o pai fazer o juramento e entregar em suas mãos o certificado de conclusão. “É um momento que vai ficar guardado pra sempre”.
Pai volta a estudar aos 61 anos para auxiliar e incentivar os sonhos do filho
Redes Sociais/Reprodução
Planos pro futuro
Os próximos passos já estão sendo pensados. Por enquanto, Seu Nelson vai continuar atuando na área do direito e convidou o Vitor para ser seu assessor de imprensa e mais um vez, formar uma parceria. “Estudo em família e trabalho em família”.
Ao G1, Seu Nelson, bem humorado, esclareceu que o filho tem a plena liberdade para escolher qualquer outra coisa que queira fazer e ele sempre vai fazer o que estiver ao alcance para ajudar, exercendo sempre a força de ser pai duas vezes.
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