Rondônia emergiu como uma das principais rotas de entrada de mercúrio ilegal na Amazônia, conforme aponta um estudo recente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). O metal é introduzido no país através da fronteira entre as cidades de Guajará-Mirim (Brasil) e Guayaramerín (Bolívia), sendo posteriormente distribuído clandestinamente para áreas de garimpo ilegal.
O estudo, intitulado “Mercúrio na Amazônia: redes criminosas transnacionais, vulnerabilidade socioambiental e desafios para a governança”, detalha como Rondônia se tornou um ponto estratégico para a redistribuição do mercúrio contrabandeado, essencial no processo de amalgamação – utilizado para separar o ouro de sedimentos como areia e pedras. A facilidade de manuseio, transporte e acesso no mercado paralelo contribuem para a contínua utilização do mercúrio, apesar de seus graves impactos ambientais e à saúde.
A transformação de Rondônia em rota para atividades ilícitas é atribuída a fatores políticos, econômicos e geográficos. Até 2015, o Peru era um dos principais importadores de mercúrio na América do Sul, mas a adesão do país à Convenção de Minamata, tratado internacional que visa reduzir e eliminar o uso do metal, alterou o cenário do contrabando na região.
O mercúrio, apesar de altamente tóxico, permanece amplamente utilizado no garimpo devido à sua eficácia na extração de ouro. A falta de alternativas viáveis e o controle frouxo facilitam a entrada e distribuição ilegal do produto em Rondônia e, consequentemente, em outras áreas de garimpo na Amazônia.










