O Amazonas perdeu, no início de outubro, um de seus maiores nomes do cinema: Roberto Kahane. O documentarista, diretor e cineasta amazonense faleceu aos 77 anos em Manaus, deixando um legado fundamental para a cultura e cinematografia do estado.
Conhecido carinhosamente como “o guardião da memória”, Kahane dedicou sua vida à preservação da história e cultura da Amazônia. Seu acervo de filmes resgatados, negativos raros e imagens retratam a transformação de Manaus entre as décadas de 1940 e 1990, um período de intensas mudanças políticas, sociais e econômicas.
Suas produções, muitas delas disponíveis online, são um retrato valioso da identidade amazônica, suas lutas e resistências. Como ele mesmo dizia: “Uma sociedade que vira de costas para sua memória, ela não tem rosto”.
Confira seis obras que fazem parte do legado de Kahane:
Igual a mim, igual a ti
Lançado em 1966, este documentário registra a destruição da Cidade Flutuante de Manaus, em 1965. O filme, dirigido por Kahane e Felipe Lindoso, aborda a remoção das moradias, vista pelas elites da época como necessária para a construção da Zona Franca de Manaus, mas considerada uma afronta à população mais carente.
Um pintor amazonense
Este curta-metragem de 1966 homenageia Hahnemann Bacelar (1948-1971), artista plástico que marcou a arte e a cultura local. A obra de Kahane apresenta alguns dos trabalhos do pintor amazonense, produzidos nos anos 1960.
1922 – A exposição da Independência
Com imagens de Silvino Santos, esta obra de 1970 recupera e reconstitui registros da Exposição Internacional da Independência, evento realizado entre 1922 e 1923 no Rio de Janeiro.
O golpe tenentista de Ribeiro Júnior – O Filme
O documentário conta a história da Comuna de Manaus, movimento militar liderado pelo tenente Ribeiro Júnior em 1924, que depôs o governador do Amazonas, Rego Monteiro. As imagens, filmadas por Silvino Santos, foram resgatadas e restauradas digitalmente por Kahane.
Teatro Amazonas
Este documentário de 2005, com imagens raras, explora a história da construção do Teatro Amazonas e de seus principais personagens, ligados ao ciclo da borracha.
Etelvina Garcia – A memória viva
Um de seus últimos trabalhos, também de 2005, o documentário celebra a trajetória de Etelvina Garcia, historiadora, jornalista e pesquisadora, figura icônica da identidade amazonense.











