11 de outubro de 2024

Rios da Amazônia registram níveis historicamente baixos

Especialistas apontam que Rio Solimões está 3 metros abaixo da média esperada para o período

Faltando cerca de um mês para o pico da estiagem, previsto para setembro, os rios da Amazônia já apresentam níveis de água muito abaixo do esperado, atingindo recordes de baixa em comparação com os registros históricos de agosto. Dados do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), vinculado ao Ministério da Defesa, indicam que o Rio Solimões está com seu volume 3 metros abaixo da média usual para essa época do ano, enquanto outros rios importantes, como o Madeira e o Acre, também estão próximos de seus níveis mínimos históricos.

Análise do Censipam

Flávio Altieri, analista do Censipam, explica que o volume de chuvas está bem abaixo do esperado para grande parte da Amazônia, mas ainda é cedo para afirmar que a seca deste ano será a mais severa já registrada na região. “De modo geral, as condições dos principais rios estão piores que as de 2023, ano que teve a pior seca na Amazônia. As previsões indicam que não há melhora significativa no volume de chuvas para os próximos meses, mas devido à diversidade da região, não é possível garantir que 2024 será mais seco”, pontua Altieri.

Seca extrema

O analista destacou que a região já vive uma situação de seca extrema, o penúltimo nível na escala de severidade da seca. Esse cenário implica em escassez de água, restrições e grandes perdas na agricultura. “Em junho, o Censipam já havia alertado que 2024 traria uma seca semelhante à de 2023”, ressalta Altieri.

As comunidades tradicionais, que dependem dos rios como principal meio de transporte, são as mais prejudicadas. “Essas populações estão enfrentando dificuldades acentuadas pela falta de alimentos, água potável e acesso a serviços essenciais como saúde e educação”, explica.

Medidas emergenciais

Em uma reunião realizada na quarta-feira (21) no Palácio do Planalto, ministros e governadores da Amazônia Legal discutiram medidas para mitigar os efeitos da seca. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) anunciou na terça-feira (20) a liberação de R$ 11,7 milhões para ações de defesa civil nos estados do Amazonas e Roraima. Além disso, foi reconhecida a situação de emergência em 53 municípios do Acre, Amazonas, Roraima e Rondônia.