Um rio é muito mais do que apenas água correndo. Ele é formado por diferentes partes, cada uma com um papel importante no ciclo da água, na formação da paisagem e na manutenção da vida. Entender como essas partes funcionam é fundamental, principalmente aqui na Amazônia, onde os rios são verdadeiras artérias que movem a região.
Para o doutor em Clima e Ambiente pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Rogério Marinho, a compreensão da estrutura de um rio é essencial. “É uma hierarquia fluvial até chegar num rio grande, como o Negro, e depois ele encontrar outro rio, outro ainda maior, como o Amazonas, que é a foz. Isso é o que chamamos de rede hidrográfica”, explica.
Marinho detalha que tudo começa com pequenas nascentes, os igarapés, que vão se juntando para formar rios menores, que por sua vez alimentam os grandes rios da região, como o Negro, o Solimões, o Amazonas, o Madeira, o Purus e o Juruá. “Eles têm um único ponto de saída: o mar”, completa.
Nascente e leito: o começo de tudo
O rio nasce na nascente, também chamada de cabeceira, onde a água subterrânea vem à tona. Geralmente, as nascentes estão localizadas em áreas mais altas. A pesquisadora Luciana Falci Theza Rodrigues, em estudo sobre nascentes no Sudeste do Brasil, ressalta que elas são ecossistemas importantes do ponto de vista econômico, social, cultural e ecológico, e que áreas preservadas garantem a qualidade e a constância da água.
Logo após a nascente, encontramos o leito ou canal, que é o caminho por onde a água corre. O leito é dividido em duas partes: o leito menor, sempre ocupado pela água, e o leito maior, que aparece durante cheias e transbordamentos. A profundidade e o formato do leito variam conforme o relevo e a quantidade de água.
As margens delimitam o leito e fazem a transição entre a água e o terreno. Elas protegem contra a erosão e abrigam a vegetação ciliar, que é fundamental para manter a qualidade da água.
Curso, afluentes e foz: a jornada da água
O curso é o percurso do rio desde a nascente até a foz. No caminho, ele recebe os afluentes, que são rios menores que se juntam ao principal, aumentando o seu volume de água. O ponto onde dois rios se encontram é chamado de confluência.
Ao longo do curso, a correnteza pode formar curvas chamadas meandros, que erodem uma margem e depositam sedimentos na outra.
Finalmente, o rio chega à foz, onde deságua em outro corpo d’água, como um lago, mar ou oceano. Existem dois tipos principais de foz: o delta, com ramificações e ilhas, e o estuário, onde a água doce se mistura com a água salgada.
Tudo conectado
Todas as partes de um rio estão interligadas e dependem umas das outras. As nascentes alimentam o leito, as margens protegem contra a erosão e a foz integra o rio a outro ecossistema. Durante as cheias, o leito maior e as planícies de inundação ajudam a evitar desastres. A vegetação nas margens filtra sedimentos e estabiliza o solo.
Compreender as partes de um rio – da nascente à foz – é fundamental para preservar os recursos hídricos e garantir o futuro da Amazônia e de quem vive dela.







