A mineração, um dos principais impactos ambientais na Amazônia, é responsável por grande parte da contaminação dos rios por metais pesados, como mercúrio e cromo. Segundo o MapBiomas, em 2020, 149.393 hectares de terras mineradas no Brasil estavam em território amazônico.
Diante desse cenário, uma equipe da Universidade Federal do Pará (UFPA) encontrou uma solução inovadora: transformar os próprios resíduos da mineração em tecnologia capaz de remover esses poluentes da água.
O estudo, coordenado pelo professor Dorsan Moraes, do Instituto de Geociências da UFPA, investigou o potencial de resíduos de vermiculita e rejeitos da mineração de manganês como “despoluidores”. A ideia era transformar um problema ambiental comum no norte do Brasil – o acúmulo de resíduos minerais – em parte da solução para a despoluição dos rios.
A pesquisa resultou na síntese de dois materiais em laboratório: a vermiculita ativada com sódio e a fase tipo Shigaite LDH. Ambos foram testados em experimentos que simulavam a contaminação de rios amazônicos.
Os resultados foram promissores: a vermiculita ativada removeu 99% do azul de metileno (um corante têxtil que prejudica a vida aquática), enquanto a fase tipo Shigaite LDH removeu 97% do cromo e 100% do manganês. Esses metais pesados, em altas concentrações, podem causar graves problemas de saúde, como doenças neurodegenerativas e até câncer.
“Além da despoluição, temos também a redução de resíduos que podem ser carregados para os rios. O processo é mais viável na saída das águas de despejo das mineradoras, evitando o problema na fonte”, explica o professor Dorsan.
Outro ponto positivo é o menor custo de produção desses materiais em comparação com os métodos de despoluição tradicionais. Agora, a equipe da UFPA busca parcerias com empresas do setor para transformar o protótipo de laboratório em uma tecnologia adaptada para uso em larga escala. A pesquisa foi publicada na Revista REM – International Engineering Journal em agosto.
A descoberta representa um avanço importante para a preservação dos rios amazônicos e para a saúde das comunidades que dependem deles, oferecendo uma alternativa sustentável para lidar com os impactos da mineração.











