O camarão-da-Amazônia (Macrobrachium amazonicum) se consolida como uma alternativa promissora para a aquicultura sustentável na região Norte do Brasil. Sua capacidade de rápido crescimento, alta reprodução e adaptação o tornam ideal para pequenos e médios produtores, gerando empregos e renda em comunidades ribeirinhas.
Para fortalecer essa atividade, foi criada a “Rede de Inovação e transferência de tecnologia para produção sustentável do Camarão-da-Amazônia por comunidades tradicionais”. O projeto envolve instituições de pesquisa do Pará, Amapá, Rio de Janeiro e Paraná, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
A iniciativa busca soluções para os desafios da cadeia produtiva do camarão-da-Amazônia e transferir tecnologia para as comunidades locais. No Pará, o grupo de pesquisa é apoiado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa), através da Iniciativa Amazônia +10.
De acordo com a professora Cristiana Maciel, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenadora do projeto no estado, a pesquisa foca em desvendar informações cruciais sobre os estoques de camarão, suas características de crescimento e distribuição. Além disso, utilizam dados de nutrigenômica para otimizar a nutrição e o manejo da espécie, usando ferramentas de última geração.
“Estamos transferindo tecnologia de forma acessível, para que qualquer pessoa com acesso à internet e um celular possa se beneficiar dos nossos resultados”, explica Cristiana.
Um site foi desenvolvido pelo Laboratório de Bioinformática, Desenvolvimento, Aplicação e Transferência de Tecnologia para a Aquicultura (BioDATTA) e pelo Laboratório de Aquicultura (Laqua) da UFPA, campus de Bragança, com vídeos e informações sobre todas as etapas do cultivo. O site também apresenta outros projetos relacionados ao desenvolvimento sustentável do camarão-da-Amazônia.
As pesquisas já revelaram informações importantes sobre os diferentes estoques genéticos do camarão-da-Amazônia, com populações bem definidas que impactam no potencial produtivo e no plano de manejo. Os resultados foram publicados na revista científica internacional Nature (Scientific Reports), e um novo artigo, recentemente aceito, identificou o ponto na Amazônia onde o padrão de crescimento dos animais muda, com base em dados moleculares.
Outros avanços incluem o desenvolvimento de um protocolo de sedação moderada para juvenis, utilizando óleos essenciais, e a descoberta de que a espécie consegue aproveitar produtos fibrosos de origem animal e vegetal, graças à plasticidade do seu sistema digestivo. Esses achados podem contribuir para o desenvolvimento de dietas mais eficientes e sustentáveis.
Além dos resultados científicos, o projeto está formando profissionais qualificados para atuar na Amazônia. Já foram concluídos um pós-doutorado, um doutorado, dois mestrados e diversas iniciações científicas, e outros estão em andamento. “Estamos preparando uma equipe para contribuir com o desenvolvimento do estado, aplicando a tecnologia gerada pelo projeto”, afirma Cristiana.











