Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A Cúpula dos Povos, evento que reuniu representantes de diversas causas em paralelo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, chegou ao fim neste domingo (16) com um forte apelo do cacique Raoni Metuktire. Em sua mensagem, o líder indígena lembrou décadas de alertas sobre a destruição ambiental, o desmatamento e os impactos nos modos de vida dos povos originários.
“Há muito tempo, eu vinha alertando sobre o problema que, hoje, nós estamos passando, de mudanças climáticas, de guerras”, declarou Raoni. “Mais uma vez, peço a todos que possamos dar continuidade a essa missão de defender a vida da Terra, do planeta. Que possamos lutar contra aqueles que querem o mal, que querem destruir a nossa terra”, completou.
Raoni também criticou os conflitos globais, pedindo por mais amor e respeito à vida. “Há muito tempo, eu venho falando para que possamos ter respeito um com o outro e possamos viver em paz nessa terra”, conclamou.
O encerramento da Cúpula dos Povos foi marcado por um “banquetaço” na Praça da República, com distribuição de alimentos preparados por cozinhas comunitárias e apresentações culturais abertas ao público.
Durante os cinco dias de debates e mobilizações, os participantes da Cúpula dos Povos divulgaram uma carta final criticando o que consideram “falsas soluções” para a crise climática. O documento defende que as verdadeiras soluções passam pelo fortalecimento da troca de conhecimentos entre os povos, pela valorização de seus territórios e pela cooperação.
“Nossa visão de mundo está orientada pelo internacionalismo popular, com intercâmbios de conhecimentos e saberes, que constroem laços de solidariedade, lutas e de cooperação entre nossos povos”, afirma a carta.
O documento, disponível na íntegra, foi entregue ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, que se comprometeu a apresentá-lo nas reuniões de alto nível da conferência.
A carta também critica o capitalismo como principal causa da crise climática, destacando que as comunidades periféricas são as mais afetadas pelas mudanças climáticas e pelo racismo ambiental. Além disso, pede a demarcação de terras indígenas, a reforma agrária, o fim dos combustíveis fósseis, o financiamento público para uma transição justa e o fim das guerras.
Os participantes também expressaram solidariedade à Palestina e criticaram a ação militar dos Estados Unidos no Caribe, considerada imperialista.
A Cúpula dos Povos reuniu dezenas de milhares de pessoas, demonstrando a força da sociedade civil na busca por soluções para a crise climática. O evento foi considerado um importante espaço de participação social na COP30, apesar das críticas à limitada participação popular na conferência principal.
*Conteúdo originalmente publicado pela Agência Brasil.










