Um projeto de monitoramento da fauna marinha está percorrendo mais de 10 mil quilômetros de praias e rios entre o Amapá e o Ceará, abrangendo a região da Margem Equatorial brasileira. Em um ano de trabalho, mais de 600 animais aquáticos, como aves, tartarugas, peixes-boi, baleias e golfinhos, já receberam atendimento.
Os monitoramentos, realizados por parceiros ambientais da empresa TGS (que conduz pesquisas geológicas na região), cobrem 8.537,3 km de litoral, uma distância maior que a entre Oiapoque (AP) e Chuí (RS). Além disso, 1.911,99 km de rios, igarapés e reentrâncias também estão sendo monitorados, alcançando áreas de difícil acesso.
No Pará, o projeto tem um papel importante na proteção da vida marinha, permitindo o registro de ocorrências, a identificação de padrões de encalhes, respostas rápidas a emergências e o encaminhamento de animais feridos para reabilitação. A bióloga Renata Emin, do Instituto Bicho D’água, que monitora as praias do Pará, explica que o monitoramento contínuo agiliza o resgate de animais e aumenta o conhecimento sobre a biodiversidade local.
“O monitoramento das praias é essencial para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade e o meio ambiente, contribuindo para ações de conservação. Cada encalhe, mesmo de um animal morto, é uma oportunidade de aprendizado”, afirma Renata.
O Instituto BioMA também atua no Pará, monitorando áreas entre Salinópolis e a divisa com o Maranhão. A bióloga Angélica Rodrigues destaca a importância do monitoramento embarcado para alcançar regiões remotas da costa norte, onde o acesso é limitado.
Investimento em estrutura e legado para o futuro
O projeto de monitoramento da fauna marinha é uma exigência do IBAMA, parte do processo de licenciamento ambiental de pesquisas sísmicas marítimas na Foz do Amazonas e nas bacias sedimentares do Pará-Maranhão. O analista ambiental do IBAMA, André Favaretto Barbosa, ressalta que o projeto possibilitou investimentos importantes na estruturação de instalações para o atendimento à fauna, como um centro de reabilitação de animais marinhos no Pará e um semi-cativeiro para a aclimatação de peixes-boi em Soure (Ilha do Marajó).
“Essas estruturas vão acelerar a recuperação e a soltura de animais, além de reduzir a superlotação das instalações existentes”, explica Barbosa.
João Correa, country manager da TGS no Brasil, enfatiza que as ações da empresa na Margem Equatorial vão além do monitoramento e resgate de animais, incluindo estudos, geração de conhecimento técnico-científico, atividades de educação ambiental e capacitação de profissionais e comunidades locais. “É um trabalho em parceria com a sociedade que deixará um legado de preservação e conhecimento para as futuras gerações”, conclui.











