07 de setembro de 2024

Prêmio Jacira Silva reconhece o jornalismo negro no Brasil

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Prêmio Jacira Silva reconhece o jornalismo negro no Brasil

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Homenagem emociona jornalista de 73 anos

A jornalista Jacira Silva, aos 73 anos, se emocionou ao ser homenageada em vida com o Prêmio Jacira Silva, que reconhece o jornalismo negro no Brasil. A premiação acontece nesta sexta-feira (26), durante o 17º Festival Latinidades, em Brasília.

Reconhecimento no Festival Latinidades

Na categoria Jornalistas Negras, a gerente da Agência Brasil, Juliana Cézar Nunes, será premiada ao lado de personalidades como Maju Coutinho, da Rede Globo, e Basília Rodrigues, da CNN.

“É o reconhecimento dos colegas pela nossa trajetória e o pouco que a gente consegue fazer para transformar e para contribuir para uma comunicação democrática, plural, não sexista. Espero que eu mantenha a minha coerência política e a minha dignidade como ser humano e que eu possa sempre representá-los e representá-las com muito Axé”, declarou Jacira.

Pioneirismo e Legado de Jacira Silva

Jacira foi a primeira mulher negra a presidir o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, entre 1995 e 1998, e fundou a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira/DF). Atualmente, é diretora de Condições de Trabalho e Qualidade de Vida do Sindicato.

Festival Latinidades

O Festival Latinidades, considerado o maior festival de mulheres negras da América Latina, acontece no Museu da República em Brasília até amanhã (27). O evento é apoiado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Participação de Mulheres Negras na Mídia

A programação do festival inclui um debate sobre a participação de mulheres negras na mídia. O objetivo é refletir sobre um futuro com maior participação de mulheres negras nos processos comunicacionais.

Para Jacira, a presença de mulheres negras nas redações traz uma nova perspectiva para o jornalismo, apesar de ainda serem minoria. “Hoje, fruto da luta do movimento negro organizado no Brasil, nós mulheres negras estamos na TV, no rádio, nas redes como nós somos. Do jeito que a gente quer se vestir, quer se pentear. Com a nossa autoestima e com a nossa história, dos nossos ancestrais, das nossas famílias. E sem ser exótico, e sim sermos quem nós somos, com o nosso cabelo crespo, o nosso cabelo para cima, solto, trançado com o nosso nariz chato e com a nossa pele negra. Mas a gente ainda continua sendo uma ou duas, contando nos dedos.”

História de Perseverança

Jacira começou a estudar comunicação após quatro tentativas de ingressar na Universidade de Brasília (UnB). “Eu não passava porque trabalhava, tinha dois empregos, sempre fui de escola pública. Mas não desisti do que eu queria ser.” Ela acabou ingressando em uma faculdade privada, apesar das dificuldades financeiras. “Foi uma grande dificuldade de pagamento, tinha semestre que eu não tinha como pagar, aí negociava lá na direção.”

Carreira Profissional

Jacira iniciou sua carreira como revisora na gráfica do Congresso Nacional e trabalhou em redações como Correio Braziliense e Jornal de Brasília, além de rádios e jornais comunitários. Também atuou na assessoria de imprensa do Ministério da Educação, da Funarte e de outros órgãos públicos, além de participar do movimento sindical no DF.

A jornalista enfrentou discriminação ao longo de sua trajetória, mas sempre usou isso como motivação. “A discriminação nos move quando ela vem na forma do enfrentamento. Ela não pode te abater e nem deixar você desistir, ela me fortalece. Mas ela não é boa, é óbvio, eu não quero ser discriminada para me fortalecer”, concluiu.

Troféu do Prêmio Jacira Silva. Foto: Festival Latinidades/Divulgação