A fala de Luiz Eduardo Baptista, o BAP, presidente do Flamengo, durante a apresentação das finanças do clube, na noite da última terça-feira, 23 de Dezembro, provocou reação imediata da Globo e ampliou um debate que já vinha em ebulição no futebol brasileiro.
O episódio ocorreu no Salão Nobre da Gávea, em um evento que tinha como foco os resultados do primeiro ano de gestão do dirigente, mas acabou marcado por uma declaração considerada ofensiva e misógina.
Ao comentar críticas feitas ao investimento no futebol feminino, BAP usou o termo “nariguda da Globo” ao se referir a uma jornalista da emissora, sem citar nomes. A declaração repercutiu rapidamente e levou a Globo a se posicionar publicamente dentro de uma matéria do portal GE.
“A Globo repudia o ataque gratuito e misógino do dirigente do Flamengo a uma de suas profissionais e reitera seu profundo respeito às mulheres e a opiniões críticas que não ofendam nem insultem quem quer que seja”, afirmou a emissora em nota oficial.
A declaração, o contexto e a reação da emissora
Durante o evento, BAP fez referência direta a críticas relacionadas ao futebol feminino e direcionou sua fala à jornalista que havia questionado a estrutura oferecida pelo clube às jogadoras.
“Tem lá a nariguda da Globo que fica falando mal da gente e tudo mais, do futebol, que não estimula (o futebol feminino). Dá vontade de falar: ‘filha, convence a sua empresa a botar R$ 10 milhões por ano, R$ 20 milhões por ano em direitos de transmissão que aí a coisa fica melhor’”, disse o dirigente.
Na sequência, o presidente do Flamengo ampliou o discurso, trazendo números e comparações sobre direitos de transmissão. “Pau que dá em João, tem que bater em Maria também. Somos nós que temos que pagar as contas. Olha quanto que a empresa dela (Globo) paga pelo Brasileiro”, afirmou, enquanto apontava para um telão com dados financeiros. “O dinheiro da transmissão fica todo com a Globo. É justo?”, completou.
Embora o evento tivesse como objetivo destacar resultados positivos, como a arrecadação recorde de R$ 2,1 bilhões em receita no ano, o tom da declaração acabou se sobrepondo aos números apresentados e dominou a repercussão nas redes sociais e na imprensa esportiva.
Entenda o caso
A fala de BAP dialoga diretamente com um episódio ocorrido em outubro deste ano. Na ocasião, a jornalista Renata Mendonça, em parceria com o portal Dibradoras, publicou um vídeo mostrando a estrutura de treinos do time feminino do Flamengo. O conteúdo ganhou grande repercussão ao expor problemas graves de infraestrutura.
No vídeo, Renata relatou que as jogadoras treinam em um ambiente com falta de privacidade e condições precárias. As imagens exibiram um vestiário pequeno, com paredes danificadas, ralos entupidos e torneiras em mau estado. Além disso, a identificação do espaço se resumia a um papel A4 colado na parede, enquanto uma lixeira improvisava o bloqueio de acesso.
Outro ponto que causou choque foi a situação da pia do vestiário. Ao ser acionada, a água saiu com coloração marrom e aspecto barroso, o que gerou indignação nas redes sociais. O gramado de treino também entrou no centro da discussão.
O campo utilizado pela equipe feminina tem 54 metros de largura por 85 metros de comprimento, cerca de 20 metros menor que as medidas oficiais, além de dividir espaço com sacos de lixo.
Além disso, o vídeo apontou a ausência de espaços adequados de academia e fisioterapia. Segundo o material divulgado, a recuperação física das atletas ocorre em um ambiente improvisado. Está montado sobre um bar, o que reforçou o contraste entre o investimento no futebol masculino e a realidade enfrentada pelas jogadoras.
Diante desse histórico, a declaração de BAP acabou intensificando um debate que já mobilizava torcedores, jornalistas e especialistas. Ao mesmo tempo, a resposta da Globo reforçou o posicionamento da emissora em defesa da profissional. Além disso, ampliou a discussão sobre limites, respeito e responsabilidade institucional no futebol brasileiro.
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