O número de trabalhadores que utilizam plataformas digitais como principal fonte de renda atingiu 1,7 milhão no terceiro trimestre de 2024, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento, realizado em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e o Ministério Público do Trabalho, integra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
O total representa um aumento em relação ao quarto trimestre de 2022, quando 1,3 milhão de pessoas (1,5% do total de trabalhadores do setor privado) estavam envolvidas nesse tipo de atividade. Em 2024, esses trabalhadores correspondem a 1,9% do total.
Tipos de plataformas e perfil dos trabalhadores
Os aplicativos de transporte particular de passageiros (exceto táxi) foram os mais utilizados, abrangendo 53,1% dos trabalhadores plataformizados (878 mil pessoas). Em seguida, vêm os aplicativos de entrega de comida e produtos (29,3%, ou 485 mil pessoas), plataformas de serviços gerais ou profissionais (17,8%, ou 294 mil) e aplicativos de táxi (13,8%, ou 228 mil).
A maioria dos trabalhadores por aplicativo é do sexo masculino (83,9%), com idade entre 25 e 39 anos (47,3%). Quanto à escolaridade, 59,3% possuem ensino médio completo ou superior incompleto. A distribuição por cor ou raça indica que 45,1% se declaram brancos, 12,7% pretos e 41,1% pardos.
Renda e jornada de trabalho
Apesar de trabalharem, em média, 44,8 horas semanais – 5,5 horas a mais do que os demais ocupados – os trabalhadores plataformizados apresentam rendimento médio de R$ 15,40 por hora, ligeiramente inferior à média geral de R$ 16,80. A renda mensal média foi de R$ 2.996 em 2024, 4,2% superior ao rendimento médio do setor privado (R$ 2.875).
Contudo, o crescimento do rendimento entre os plataformizados foi menor (1,2% entre 2022 e 2024) em comparação com os demais trabalhadores (6,2%). Em 2022, a diferença era maior: os trabalhadores por aplicativo ganhavam 9,4% a mais.
Informalidade e proteção social
A pesquisa também aponta que a maioria dos trabalhadores por aplicativo (71,1%) está em situação informal, um percentual quase o dobro da média do setor privado (44,3%). Apenas 35,9% contribuem para a previdência, bem abaixo dos 61,9% dos demais trabalhadores. A informalidade é mais alta nas regiões Nordeste (87,7%) e Norte (84,9%).
Autonomia e condições de trabalho
A autonomia dos trabalhadores por aplicativo é limitada, com a maioria dependendo das plataformas para definir valores, clientes, prazos e forma de pagamento. A pesquisa detalha as condições de trabalho em diferentes setores, como transporte e entrega, destacando a predominância de operadores de máquinas e montadores (condutores de veículos).
O Sudeste concentra a maior parte dos trabalhadores por plataformas digitais (53,7% do total nacional), seguido pelas demais regiões.











