Pesquisas genéticas buscam impulsionar a criação de tambaquis no Amazonas, com foco em aumentar a produtividade e a resistência da espécie a doenças. A iniciativa é fruto de uma colaboração entre a Universidade Nilton Lins, em Manaus, e o Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista (Caunesp).
A parceria promove o intercâmbio de pesquisadores, projetos conjuntos e a aplicação de tecnologias avançadas de melhoramento genético. Segundo o professor Renato Barbosa Ferraz, pesquisador em aquicultura e genômica da Universidade Nilton Lins, essa união de esforços é fundamental para o avanço da aquicultura sustentável na região.
As palestras e apresentações recentes abordaram as últimas descobertas científicas na área de genética e sanidade de peixes, com ênfase no tambaqui, um dos principais peixes cultivados no Brasil. Biólogos e zootecnistas da Unesp compartilharam seus conhecimentos sobre o uso de ferramentas inovadoras, como a inteligência artificial (IA), para identificar os melhores exemplares para a reprodução.
O biólogo Diogo Teruo Hashimoto explicou como a combinação de análise de características (fenômica) e IA está revolucionando o melhoramento genético. Sensores e imagens são usados para coletar dados detalhados dos peixes, que são processados por sistemas de IA, de forma similar ao reconhecimento facial, permitindo identificar aqueles com maior potencial de crescimento e resistência a doenças. Um núcleo genético foi criado em Manaus em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), cujos dados estão sendo utilizados para treinar a inteligência artificial.
Já o zootecnista John Fredy Gómez Agudelo apresentou os avanços no uso da seleção genômica para combater os acantocéfalos, parasitas que causam prejuízos significativos na produção de tambaqui na Amazônia. O melhoramento genético se mostra uma alternativa eficaz para desenvolver peixes mais resistentes a esses parasitas.
Os estudos identificaram genes relacionados ao estresse, à integridade celular e ao sistema de defesa dos peixes. Ao selecionar indivíduos com esses genes, é possível aumentar a resistência da população a doenças e melhorar a produtividade da piscicultura. A seleção genômica, que analisa diretamente o DNA dos peixes, agiliza e aumenta a precisão do processo de seleção.
Para a vice-reitora para projetos de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação da Universidade Nilton Lins, Cleuciliz Santana, o programa de mestrado e doutorado em Aquicultura da instituição é crucial para o desenvolvimento da região e para a segurança alimentar do Norte do país. A parceria com a Unesp, um centro de referência em aquicultura no Brasil, eleva a qualidade das pesquisas realizadas no Amazonas.