Pesquisadores estão explorando as propriedades da Psychotria ipecacuanha, popularmente conhecida como poaia, ipeca ou ipecacuanha, em busca de novas opções terapêuticas para doenças do coração. A planta, tradicionalmente utilizada na medicina popular, está sendo analisada em laboratório para verificar sua capacidade de fluidificar o sangue e prevenir a formação de coágulos.
O equilíbrio da coagulação é fundamental para evitar tanto hemorragias quanto obstruções nos vasos sanguíneos. Problemas nesse sistema podem levar a tromboses e outras doenças cardiovasculares, que são uma das principais causas de morte no mundo. Embora existam medicamentos para tratar essas condições, o custo e os efeitos colaterais podem ser um problema para muitos pacientes.
A pesquisa, coordenada pela professora doutora Celice Alexandre Silva da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em parceria com as universidades Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), investiga se a poaia pode ser uma alternativa mais acessível e natural. O projeto recebeu financiamento do Governo do Estado, através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat).
Estudos anteriores já indicaram que a poaia contém alcaloides como emetina e cefalina, substâncias com propriedades que podem interferir no processo de coagulação sanguínea. A pesquisa atual busca identificar quais componentes da planta são os responsáveis por essa ação, e se a combinação de diferentes substâncias potencializa o efeito.
A iniciativa valoriza a biodiversidade brasileira, que já forneceu diversas plantas medicinais importantes, como a quina e a unha-de-gato. A poaia se junta a essa lista de espécies promissoras, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos naturais.
A próxima etapa da pesquisa é desenvolver uma formulação para testes em animais, utilizando a emetina como princípio ativo, além do extrato da planta, com o objetivo de criar um novo fitoterápico brasileiro.
A pesquisadora Celice Alexandre Silva alerta que a emetina pode ser tóxica em altas doses, causando náuseas, problemas cardíacos e dificuldades respiratórias. Por isso, o uso popular da poaia deve ser feito com cautela e sob orientação médica. Além disso, a planta é considerada ameaçada de extinção em algumas regiões do Brasil, o que reforça a importância de estudos para garantir seu uso sustentável.
*Com informações da Fapemat











