Enzimas presentes no veneno das serpentes pode inibir o desenvolvimento de parasitas da leishmaniose e da malária. Pesquisas são realizadas na Universidade Federal de Rondônia
Com o veneno rico em moléculas bioativas, algumas espécies de cobras, como a jararaca, cascavel, coral e bico-de-jaca são apostas de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Rondônia como meios de obtenção de novos medicamentos para tratamentos de doenças infecciosas ou degenerativas.
Dentre as doenças que poderão ser tratadas com essas novas drogas estão a leishmaniose e a malária.
O trabalho de pesquisa é feito pela doutora em imunologia Juliana Zuliani, o pesquisador em saúde pública Leonardo Calderon e alguns alunos de doutorado da Universidade Federal de Rondônia (Unir). A pesquisas acontecem em um laboratório do curso de medicina da universidade em Porto Velho.
No laboratório, as moléculas dos venenos das serpentes são modificados ou usadas em pequenas quantidades nos testes para fins terapêuticos.
Juliana Zuliani, que estuda o veneno das serpentes há mais de 20 anos, acredita que as possibilidades descobertas até agora são os primeiros passos para descobrir um novo medicamento para malária e leishmaniose.
A intenção é se chegar a um protótipo de novas drogas. Nós temos alguns indícios, que a gente não pode mencionar, fruto dos nossos estudos, mas com investimento substancial a gente consegue chegar em um produto de prateleira”, comenta.
O estudo de Calderon aponta que a Cromatina, uma enzima isolada do veneno da cascavel, associada à substância utilizada na terapia da leishmaniose, pode melhorar a eficiência desse medicamento inibindo o crescimento do parasita causador da doença.
Uma enzima de duas jararacas nativas da região amazônica é outra descoberta dos pesquisadores. Essa enzima, acreditam eles, pode minimizar processo de inflamação da leishmaniose. Os venenos das serpentes também estão sendo estudados no combate à malária.
Esses parasitas têm enzimas essenciais para o metabolismo deles, e o veneno de serpente tem outras enzimas, outras toxinas que estão reconhecendo essas enzimas do parasita e inibindo a atividade delas, levando à morte do parasita”, explica o pesquisador em saúde pública.
Quando testada nas mesmas células humanas essas toxinas não fazem o mesmo efeito. Ela tem uma afinidade diferenciada por essas proteínas do parasita, por isso, há a possibilidade de uso em humanos no combate a essas doenças.
As pesquisas são financiadas pelo Governo do Estado através da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa de Rondônia (Fapero). Fonte: G1