Pesquisadores do Instituto Mamirauá, em parceria com outras instituições, capturaram 17 botos-vermelhos (Inia geoffrensis) no Lago Amanã, na Reserva Amanã, Amazonas, para um estudo detalhado da saúde e ecologia da espécie. A ação faz parte de um esforço contínuo de monitoramento, intensificado após a crise hídrica de 2023.
Entre 20 de setembro e 2 de outubro, a equipe, que incluiu moradores locais e pescadores com conhecimento da região, coletou amostras de sangue e secreções para analisar o estado de saúde dos animais, identificar possíveis agentes infecciosos e contaminantes. Além disso, 12 transmissores satelitais foram instalados para rastrear os movimentos dos botos e entender seus padrões de deslocamento no habitat.
A iniciativa é crucial após a mortandade sem precedentes de botos e tucuxis (Sotalia fluviatilis) durante as secas de 2023 e 2024, quando mais de 200 animais foram encontrados mortos, principalmente no Lago Tefé. Estima-se que a população de botos na região tenha diminuído em até 15%.
“Capturar esses animais é de extrema importância para compreendermos o panorama de saúde dessa população de botos de forma abrangente, definindo parâmetros de saúde como uma preparação para o que pode acontecer em anos futuros”, explica Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá. Apesar da seca atual ser menos intensa que a dos anos anteriores, a pesquisadora ressalta que as mudanças climáticas indicam que eventos extremos se tornarão mais comuns, exigindo preparo.
Os botos-vermelhos são animais vulneráveis devido ao ciclo reprodutivo lento e a outras ameaças como colisões com embarcações e conflitos com pescadores. Os dados coletados na captura científica ajudarão a avaliar a resiliência da população a novos impactos climáticos e a responder rapidamente em caso de novas mortandades. A participação de moradores e pescadores, com seu conhecimento tradicional, foi fundamental para o sucesso da operação.
*Com informações do Instituto Mamirauá*











