Resultados de trabalhos desenvolvidos pela Polícia Técnica e Científica rondoniense a colocam entre as melhores do país, apesar da estrutura que ainda depende de alguns equipamentos. A criatividade, competência e profissionalismo de seus peritos é o que tem contornado e superado as limitações.
A importância do trabalho dos peritos criminais para toda a sociedade, principalmente em apoio às demais polícias e à própria justiça foi destacada essa semana pelo presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais, Josias Batista Silva, que citou diversos casos que figurariam muito bem em enredos de filmes.
Mineração
Ainda sob o impacto do rompimento da barragem de Brumadinho (MG), ocorrido em janeiro deste ano, no mês de março noticiou-se por aqui o rompimento de uma barragem na mineração Oriente Novo, em Machadinho do Oeste. Até o governador Marcos Rocha chegou a visitar o local, onde havia a notícia de que 50 famílias tinham ficado isoladas.
Fissura
Feito o trabalho pericial pela Polícia Técnica, constatou que não houve rompimento na barragem de rejeitos que estava intacta, mas sim, uma fissura num dique abaixo da barragem, onde havia apenas água, sem oferecer riscos nem próximos aos de Brumadinho onde contabilizou-se cerca de 300 mortes.
Na equipe que vistoriou o local, estava o perito regional de Cacoal, Cláudio Gomes da Silva, engenheiro civil especialista em barragens e professor da Faculdade de Rolim de Moura, que recentemente participou do XXXII Seminário Nacional de Grandes Barragens (SNGB), em Salvador. Promovido a cada dois anos pelo Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), nesta edição, foi realizado simultaneamente com o II Simpósio Internacional de Segurança em Barragens (SISB), uma parceria do CBDB com os comitês nacionais de barragens da China, Espanha e Estados Unidos.
Assassinato
Josias Batista citou também o caso noticiado nesta semana que passou, no qual um perito desvendou um assassinato aparentemente insolúvel, ocorrido em Tarilândia, no qual um empresário foi vítima de pistoleiros que fugiram após o crime. Um carreador de pistola que o assassino deixou cair no local foi a pista que acabou por delatar os assassinos. Utilizando uma técnica de congelamento um perito conseguir extrair uma impressão digital. Daí a Polícia Civil fez o resto que foi identificar o dono da digital autor dos disparos.
Um ardil muito comum entre criminosos para tentar apagar evidências e provas de crimes, como a destruição de aparelhos de telefones celulares também já mostrou não ser páreo para a equipe da Politec. Recentemente um professor foi raptado, assassinado e seu carro, uma camionete, foi levada para a Bolívia para ser trocada por cocaína.
Na apuração a equipe a Delegacia de Homicídios localizou um aparelho celular jogado dentro de um rio. O aparelho já não funcionava mais. No entanto, levado à Politec, foi submetido a apurada análise e acabou revelando números de telefones que, cruzados, chegaram aos até então insuspeitos assassinos, que eram primos da vítima.
Tragédia
Por fim, o presidente do Sinpec, Josias Batista recordou um caso que serviu para corrigir uma grande injustiça que poderia ter acabado em tragédia. Isso ocorreu em março deste ano. Uma jovem de 19 anos acusou por três vezes seguidas o próprio pai de tê-la estuprado.
Impressionada pelos apelos da moça, a delegada pediu e um juiz determinou a prisão do pai, apesar das enfáticas negativas. O homem foi trancafiado no Urso Branco onde casos assim, invariavelmente, acabam em sevícias, agressões sexuais e morte. Nessa situação permaneceu por onze dias.
A equipe de peritos responsável pelo caso teve que agir rápido devido ao iminente risco de morte do acusado. Foram coletados material genético do pai e de outras três pessoas do círculo de amizade dos dois. Num primeiro momento os peritos encontraram o mesmo perfil genético que no detalhamento apontou como acusado o próprio companheiro da filha que acusava o pai, um trabalho pode ter sido a salvação de uma vida.