Pesquisas da UFPA podem influenciar na definição de áreas de conservação na floresta amazônica
A Universidade Federal do Pará (UFPA) tornou-se referência em pesquisas ictiológicas, consolidando-se como responsável por um dos mais robustos bancos de dados da América Latina acerca de peixes da Amazônia. Uma década de pesquisas trouxe à tona 21 novas espécies do Rio Xingu, com destaque para 16 endêmicas.
Importância das pesquisas
A magnitude dessas descobertas vai além do mundo acadêmico. Podem influenciar nas definições de áreas de conservação da Amazônia, sobretudo quando consideramos que algumas espécies, ainda que recém-descobertas, já se encontram ameaçadas.
“A lista de espécies em extinção é reavaliada a cada 5 anos e o trabalho realizado pelos pesquisadores da UFPA tem influência direta nessa relação,” destaca o relatório.
A maioria das espécies identificadas tem caráter ornamental, atraindo olhares do mercado ilegal. Traficantes se aproveitam da exuberância dos peixes do Xingu para exportá-los clandestinamente, sobretudo via Tabatinga, fronteira com a Colômbia, abastecendo aquários ao redor do globo.
Espécies em risco
Dentre os peixes descritos, o Acari-zebra marrom, que está sob análise do professor Leandro Sousa da UFPA, encontra-se em situação alarmante. “É a espécie com menor distribuição geográfica conhecida para o gênero,” ressalta o professor, sublinhando sua presença limitada a trechos da Volta Grande do Xingu.
Já o Acari-zebra, também nativo do Rio Xingu, figura na lista de animais ameaçados, apesar da proibição de sua captura há quase duas décadas. No mercado negro, o valor deste peixe oscila entre US$2 mil e US$700, variando conforme seu tamanho.
Esforço contínuo pela conservação
A dedicação de dois docentes e aproximadamente 30 mestrandos tem sido vital na missão de proteger e propagar essas espécies. Diversas expedições ao Rio Xingu, somadas à reprodução em cativeiro no LAQUAX, têm pautado suas atividades.
“Além das pesquisas, uma das maiores contribuições desse projeto são as estruturas construídas na Universidade Federal do Pará e o recurso humano que estamos formando,” avalia o professor Leandro Sousa.
As instalações do Laboratório de Ictiologia de Altamira (LIA) e do LAQUAX, ambos situados no Campus da UFPA em Altamira, têm papel estratégico, dado sua proximidade com as áreas de estudo. Tais espaços, fruto da parceria com a Norte Energia – gestora da Usina Hidrelétrica Belo Monte – foram concebidos para monitorar a fauna aquática do Rio Xingu, com a empresa ainda financiando bolsas de estudo.
“O que observamos é que ao longo do processo, esse monitoramento se mostrou muito maior é já um grande legado, sendo um dos maiores bancos de dados de espécies de peixes da América Latina,” celebra Bruno Bahiana, gerente socioambiental da Norte Energia.











