Clássico absoluto da teledramaturgia brasileira, “Pai Herói”, exibida originalmente em 1979, entrou de vez no radar da televisão aberta novamente. A novela se tornou finalista de um edital da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) que pretende renovar a grade da TV Brasil com produções nacionais de peso.
O projeto disputa recursos dentro de um pacote de R$ 110 milhões destinados ao audiovisual, com cada novela podendo receber até R$ 15 milhões.
Embora o processo ainda esteja em andamento, o avanço do título já movimenta o mercado e desperta interesse dentro e fora do setor. Afinal, trata-se de uma obra que marcou época na Globo e que agora pode ressurgir em um novo contexto, com financiamento público e linguagem atualizada.
Disputa acirrada e mudança de rota no mercado
O remake de “Pai Herói” está sob responsabilidade da Midgal Filmes, produtora que ganhou projeção internacional após o sucesso do longa Caramelo, estrelado por Rafael Vitti, que alcançou destaque global na Netflix.
Ainda assim, a concorrência promete ser intensa. A novela enfrenta “Império do Sul”, da Mira Filmes, e “Vambora”, da Nova Trini Comunicação, na seleção que definirá o próximo grande investimento da emissora pública.
Antes disso, o projeto quase encontrou espaço no streaming. A ideia chegou a ser discutida na HBO Max, porém acabou descartada pela Warner. Com isso, o caminho ficou aberto para a entrada no edital da EBC, justamente em um momento de retração dos investimentos das plataformas digitais no Brasil.
Esse cenário explica, inclusive, a estratégia adotada pela empresa pública. Em entrevista ao jornalista Gabriel Vaquer, da Folha de S.Paulo, Antonia Pellegrino, diretora de conteúdo e programação da EBC, comentou a decisão de redirecionar recursos antes usados na compra de novelas estrangeiras para produções nacionais:
“Existe um campo relevante do setor audiovisual que se organizou e não tem mais demanda, por causa da queda de investimento do streaming. Então, pensamos em usar o dinheiro da compra de novelas estrangeiras para investir no nosso”, afirma. “A cada R$ 1 real investido, R$ 4 voltam para o país.”
Trama clássica com potencial de atualização
Caso seja escolhida, “Pai Herói” pode voltar ao ar com uma nova leitura, mas mantendo o coração da história que conquistou o público. A versão original contou com 203 capítulos e acompanhou a trajetória de André Cajarana (Tony Ramos), criado no interior de Minas Gerais pelo avô paterno. Desde cedo, ele cresce idealizando o pai, Malta Cajarana (Lima Duarte), visto como um grande homem.
Com a morte do avô, André decide ir ao Rio de Janeiro para entender as circunstâncias da morte do pai. No entanto, ao chegar à cidade, encontra uma realidade dura: Malta é apontado como responsável por roubo e assassinato. A partir disso, o protagonista passa a lutar para provar que o pai não era o vilão descrito, mas um herói injustiçado.
Enquanto tenta limpar esse nome, André se envolve em um intenso triângulo amoroso. Catarina (Elizabeth Savalla) surge como bailarina consagrada, integrante de uma família rica do Rio. Em contraste, Ana Preta (Gloria Menezes) representa o subúrbio carioca, dona de uma tradicional casa de samba. A relação entre os três sustenta boa parte da carga emocional da narrativa.
A decisão final do edital deve sair nos próximos meses. Se confirmada, a volta de Pai Herói pode marcar não apenas o resgate de um clássico, mas também um novo momento para a teledramaturgia na TV pública brasileira.
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