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22 de outubro de 2025

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Oriximiná: a história por trás do ‘padre indígena’

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Oriximiná, município paraense no coração da Amazônia, com seus 107.560,161 km² e população de 68.294 habitantes (IBGE), carrega em sua história um mito fascinante sobre sua origem. O nome, de origem tupi, significa “o macho da abelha”, mas alguns estudiosos defendem que deriva de ‘Eruzu-M’Na’, que significa “muitas praias”.

No entanto, a história mais marcante sobre a fundação da cidade envolve a figura de José Nicolino de Souza, conhecido como o “padre indígena”. Sua trajetória, envolta em mistério e lendas, é o centro de um debate sobre a verdadeira origem de Oriximiná.

Quem foi Padre José Nicolino de Souza?

José Nicolino de Souza foi um líder religioso e educador que teve um papel importante na região. Sua etnia exata é incerta, com relatos apontando para origens Macuxi ou Wapixana, mas o fato de ser indígena era frequentemente omitido ou esquecido, segundo estudos.

Documentos da época, como um publicado no Diário Oficial do Pará em 1894, indicam que ele era filho de uma indígena e descendente das tribos que habitavam o vale do Trombetas. Descrito por seus alunos como um homem de cabelos escuros, pele morena, simpático, inteligente e humilde, Nicolino de Souza se destacou por sua inteligência e educação.

Ele estudou na França e atuou como vigário em diversas paróquias da Amazônia. Em seus escritos, como o livro “As Três Viagens”, Nicolino se identificava como um “civilizado” e se referia aos povos indígenas como “gentios”, demonstrando sua missão de catequização.

Tradicionalmente, Nicolino é creditado como o fundador de Uruá-Tapera, povoado que deu origem a Oriximiná. No entanto, pesquisas recentes revelam que Uruá-Tapera já existia muito antes das viagens de Nicolino pelo rio Cuminá. O próprio diário do padre confirma essa informação.

Apesar de questionamentos sobre sua autoria na fundação, a imagem de Nicolino como desbravador e santo fundador permanece forte em Oriximiná. Seus restos mortais estão preservados na igreja matriz da cidade, local onde, segundo relatos, foi enterrado às margens de um igarapé.

Oriximiná e a revisão da história

O artigo de Márcio Couto Henrique, publicado no Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, aponta para a necessidade de uma revisão da história de Oriximiná. A pesquisa sugere que a cidade já existia antes da chegada de Nicolino, formada por um conjunto de povos e culturas que foram historicamente silenciados.

A desconstrução do mito do fundador único abre espaço para uma narrativa mais inclusiva, que reconheça a contribuição de indígenas, ribeirinhos e outros grupos na formação da cidade. A trajetória de Nicolino, apesar de complexa, continua sendo um exemplo de inteligência e adaptação, especialmente considerando os desafios enfrentados por um indígena que ascendeu socialmente em um contexto histórico marcado pelo preconceito.

Reconhecer a história de Oriximiná em sua totalidade, incluindo os povos originários e suas culturas, é fundamental para construir uma identidade local mais rica e representativa.