Opinião: A chantagem virtual dos concurseiros

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Opinião: A chantagem virtual dos concurseiros

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É estapafúrdia a estratégia dos “concurseiros” de plantão ao fazerem chantagem desinibida nas redes sociais pressionando os deputados estaduais de Rondônia para a aprovação dos chamados “remanescentes” do concurso público da Assembleia Legislativa realizado em 2018.

Não são os aprovados que estão fazendo a chantagem virtual, mas uns três a quatro gatos pingados que não passaram e ainda tiraram notas baixas. Remanescente, segundo o dicionário, é a sobra, o sobejo, o resto. No acalorado debate no Facebook, um certo interessado que se esconde atrás da alcunha “Aula de Reforço PVH” tascou a pérola: “… querem empurrar GUELA abaixo”.

Não seria GOELA? O órgão inferior do pescoço (faringe) por onde passam os alimentos da boca para o esôfago? Vejam o nível do “remanescente” que quer a todo custo ganhar uma “boquinha” na Assembleia Legislativa.

Mas não é à toa que os “sobejos” do concurso estejam lutando com ardor. Um servidor de nível médio da Assembleia Legislativa se aposenta com R$ 14 mil. Um excelente benefício para o resto da vida.

Hoje no Brasil passar em um concurso público é garantia de vida. Amparada pelo Regime Jurídico Único, a classe dos funcionários públicos goza de estabilidade. Não pode ser demitido, nem mesmo quando não produz nada ou desobedece as ordens superiores. Alguns podem até dizer: “Mas veja, existe o PAD (Processo Administrativo Disciplinar)!” Mas quem faz parte do tal PAD, senão a própria casta de servidores públicos? Como ferir o interesse do seu semelhante, se amanhã o próprio carrasco pode ser a vítima?

O ministro Paulo Guedes ousou a introduzir no Governo Bolsonaro a ideia de flexibilizar a estabilidade dos servidores públicos. Foi demonizado, chamado de anti-cristo e criticado pelos oportunistas de plantão que vêem na casta dos servidores um curral de eleitores.

Vejam o exemplo do nosso deputado federal Mauro Nazif. Encheu a prefeitura de servidores públicos, claro, concursados, pulando de 9 mil para 14 mil. Porto Velho hoje é igual a Porto Alegre em número de funcionários públicos. Outra que tem no servidor sua base eleitoral é a vereadora Ellis Regina.

É justo leitor, 505 mil habitantes trabalharem para pagar os salários, os quinquênios; gratificações diversas; auxílio cesta básica; auxílio natalino; auxílio transporte; auxílio funeral; auxílio médico e outra infinidade de auxílios, além de uma aposentadoria gorda ao final dos serviços para um grupo de 14 mil?

Do total de R$ 1,4 bilhão do Orçamento da Prefeitura de Porto Velho, R$ 1,1 bilhão é pra pagar os servidores e seus direitos, inclusive aposentadorias.

Voltando ao assunto dos remanescentes, a vida dos “concurseiros” é criticar o trabalho do servidor comissionado da Assembleia. A maldade é tamanha que volta e meia estão chamando esse pessoal de “vagabundos” e “usurpadores” de cargos públicos. É bem verdade que existem aqueles contratados pelos políticos porque foram às ruas pedir votos e seduziram um bom naco de eleitores para o parlamentar – inclusive gente igual a vocês, concurseiros.

Mas a maioria trabalha… e muito.

Esses comissionados são quase escravos num regime em que os estatutários é que mandam e fazem o que bem entendem. Se não tem gratificação, quando chega o horário de saída, só dão “tchauzinho”, mesmo estando o serviço pendente. O comissionado fica até mais tarde e às vezes até que o serviço esteja concluído. Isso acontece porque ele sabe que não tem estabilidade como seu colega estatutário e pode ir para a rua a qualquer momento, sem direito a uma gorda aposentadoria.

Por fim, os sobejos precisam cuidar de seus afazeres e estudar mais para serem aprovados nos concursos e pararem de passar vergonha alheia fazendo chantagem virtual.

Em tempos de coronavírus, sob a ordem de ficar em casa, é possível ver claramente quem pode se dar ao luxo de se isolar e ao final do mês contar com seu salário intacto. Para a maioria dos trabalhadores, ficar em casa significa nem ter o que comer. Sigamos com a vida!