Três pesquisadores foram laureados com o Prêmio Nobel de Economia de 2025: Philippe Aghion, Peter Howitt e Joel Mokyr. Aghion, pesquisador do Collège de France, INSEAD e da London School of Economics and Political Science, recebeu a notícia em sua residência na segunda-feira (13), às 10h30, quando foi informado sobre a premiação.
A Academia Real das Ciências da Suécia reconheceu Aghion e Howitt por sua teoria do crescimento econômico sustentado através da “destruição criativa”. O conceito, cunhado pelo economista Joseph Schumpeter em 1942, descreve o processo em que a inovação substitui estruturas econômicas existentes, abrindo caminho para novas.
O que é destruição criativa
A Academia explica que o mundo testemunhou um crescimento econômico sem precedentes nos últimos 200 anos, impulsionado por um fluxo constante de inovação tecnológica. “O crescimento econômico sustentado ocorre quando novas tecnologias substituem as antigas, parte do processo conhecido como destruição criativa”, afirma a instituição.
Durante a maior parte da história, o padrão de vida das pessoas permaneceu relativamente estável, apesar de descobertas ocasionais. No entanto, a Revolução Industrial transformou esse cenário, inaugurando um ciclo contínuo de progresso, em vez de eventos isolados.
As pesquisas de Aghion e Howitt resultaram em um modelo matemático que explica como empresas investem em melhorias e novos produtos, enquanto outras são superadas pela concorrência. “O crescimento surge da destruição criativa. Esse processo é criativo porque se baseia na inovação, mas também é destrutivo, pois produtos antigos se tornam obsoletos”, explicam os membros do comitê.
Em apenas dois séculos, a destruição criativa transformou a sociedade. Os economistas premiados explicaram por que esse desenvolvimento foi possível e quais condições são necessárias para um crescimento sustentado. Aghion ressalta a importância da entrada de novos talentos como motor de crescimento, mesmo que isso represente um desafio para os atores já estabelecidos.
O processo, inevitavelmente, gera ganhadores e perdedores, pois a inovação torna formas de produção obsoletas. A expansão da internet e o desenvolvimento da inteligência artificial são exemplos de como novas indústrias e oportunidades de emprego surgem, embora possam ocorrer perdas temporárias em setores tradicionais.
Bolha tecnológica e riscos futuros
Apesar das perspectivas de crescimento econômico, existe o temor de que o investimento em novas tecnologias possa criar uma bolha especulativa. Aghion minimiza essa preocupação, argumentando que as bolhas não são um problema se não estiverem associadas a um endividamento excessivo, como ocorreu em crises passadas. Ele se mostra mais preocupado com a estagnação econômica do que com um colapso financeiro.
Aghion alerta para os perigos do protecionismo, que inibe a concorrência e a entrada de novos talentos. Ele defende que a Europa precisa ser mais inovadora para competir com a China e os Estados Unidos, aprendendo a “jogar de forma inteligente” em um mundo em constante mudança.
O economista francês se declara otimista em relação ao futuro, observando que cada vez mais países reconhecem a importância do crescimento baseado na inovação. Ele enfatiza a necessidade de focar em inovações ambientais para garantir a sustentabilidade a longo prazo.