O Museu do Marajó, um dos principais guardiões da cultura marajoara no Pará, está tendo seu acervo histórico preservado de uma forma inovadora. A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) está desenvolvendo um projeto de digitalização das peças, garantindo que essa herança cultural seja protegida para as futuras gerações.
A iniciativa faz parte do ‘Amazonizar’, um projeto maior da PUC-Rio voltado para ações socioambientais na Amazônia. Tudo começou com a pesquisa do professor Jorge Lopes, que descobriu a história do padre Giovanni Gallo, um jesuíta italiano que dedicou sua vida a resgatar e preservar a arte marajoara, fundando o próprio museu.
Até agora, o projeto já digitalizou 47 vasos e urnas marajoaras através de escaneamento 3D. Além da preservação digital, a equipe da PUC-Rio também trabalhou na reconstrução virtual de algumas peças, criando experiências em realidade aumentada para os visitantes. Um busto do Padre Gallo, reproduzido em mármore, foi doado ao museu como forma de homenagear sua contribuição.
A digitalização é crucial para a preservação do patrimônio cultural, como demonstrou o incêndio no Museu Nacional, onde os arquivos 3D permitiram a reconstrução de peças importantes. “No Museu Nacional, por exemplo, os arquivos 3D permitiram a reimpressão de esqueletos de múmias após o incêndio, inclusive utilizando as cinzas das próprias peças”, explicou o professor Lopes.
A PUC-Rio também está levando tecnologia e conhecimento para a comunidade de Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó, através de oficinas e cursos. A ideia é capacitar a população local, especialmente as mulheres, em empreendedorismo e novas tecnologias, gerando renda e valorizando suas habilidades.
Segundo a vice-reitora de Extensão e Estratégia Pedagógica da PUC-Rio, Jackeline Farbiarz, o projeto busca recuperar a independência financeira das mulheres que trabalhavam no museu e foram afetadas pela perda de renda após a morte do padre Gallo.
A iniciativa também se alinha aos objetivos da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada no Brasil. A PUC-Rio aproveita a oportunidade para compartilhar seus projetos na Amazônia, mostrando como a preservação cultural e o empoderamento feminino podem contribuir para um futuro mais sustentável.
O projeto ‘Amazonizar’, idealizado pelo reitor da PUC-Rio, Padre Anderson Antonio Pedroso, é inspirado na encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, que defende uma visão integrada da ecologia, considerando a importância de preservar o passado para construir um futuro melhor.











