Rondônia tem atualmente 96 viveiros de mudas de café de produção comercial, livres de nematoide [vermes microscópicos conhecidos por pragas invisíveis], informou a gerente de inspeção e defesa sanitária vegetal da Agência Idaron, engenheira agrônoma Rachel Barbosa da Silva.
De 2016 até agora, a Idaron certificou aproximadamente 40 milhões de mudas. “Anteriormente à Portaria nº 558, que protege o setor, o Programa Estadual de Revitalização da Cultura do Café dava toda atenção às mudas de qualidade, e desde então grandes empresas [entre elas, a Nestlé] se interessaram pela compra do nosso produto”, assinalou a gerente.
“Produtores também utilizam essas mudas livres de nematoide do gênero Meloidogyne spp, por isso, o excedente não pode ser vendido, mas plantado em áreas próprias”, explicou. Plantas atacadas crescem menos, se tornam amareladas e não sobrevivem ao período seco sem irrigação.
Estima-se que os danos causados pelos nematoides variam entre 10% e 25% de perda de produtividade, podendo ser maior com a ocorrência de espécies mais agressivas, em condições ambientais favoráveis ao ataque da praga e com linhagens de café mais suscetíveis. Nessas condições, os danos podem ocasionar o abandono da atividade.
Segundo o acompanhamento de safras da Embrapa, Minas Gerais participou com 54,3% da produção nacional de café, Espírito Santo com 19,7%, São Paulo 9,8%, Bahia 7,5%, Rondônia 4,3% e Paraná com 2,7%.
Um dos êxitos mostrados no Guia do Viveirista de Mudas de Café é o acondicionamento de mudas em bancadas suspensas no mínimo 0,40m do solo. “Não se trata de obrigação, mas é uma garantia a mais para a qualidade cafeeira”, observou a gerente.
Evolução
A introdução de normas específicas se deve também à Câmara Setorial do Café, que antes mobilizara a Comissão de Sementes e Mudas da Secretaria Estadual de Agricultura.
Ela explicou que o mercado não confia em outro entre estadual que não seja numa agência de defesa. E nesse aspecto, a garantia sanitária é tão importante quanto as variáveis solo e insumos.
Rondônia ainda não dispõe de laboratório para a emissão de laudos. Assim, a muda coletada no viveiro é encaminhada a um laboratório credenciado [em SP, MG, RJ e RS]. “Na ausência do nematoide, a muda está livre para o comércio, e do contrário, a situação obriga o produtor a destruí-la”, disse a gerente.