Indígenas, quilombolas, pescadores e outros movimentos sociais navegaram pelas águas da Baía do Guajará, em Belém, nesta quarta-feira (12), em uma barqueata que marcou o início da Cúpula dos Povos. O ato foi um chamado por justiça climática e respeito aos direitos das comunidades tradicionais, que se sentem pouco representadas na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
A manifestação reuniu povos Kayapo, Munduruku, Kayapó Panará, Borari, Tupinambá, Xipaya, Arapiun, além de quilombolas, sem terra, pescadores, ribeirinhos e agricultores familiares. A barqueata também encerrou a Caravana da Resposta, que partiu de Sinop (MT) no dia 8 de novembro e chegou à capital paraense no último dia 10.
Durante o percurso, os participantes denunciaram os impactos do agronegócio e de grandes obras de infraestrutura, como a Ferrogrão e as hidrovias do Arco Norte, sobre os territórios e a vida das comunidades tradicionais.
“Os povos indígenas estão lutando desde o início. Temos que ser respeitados, valorizados, conforme a nossa cultura. Então, a resposta somos nós”, afirmou Bepmoroi Metuktire, líder indígena do Mato Grosso.
A líder quilombola Kahamy Ãdetta, da comunidade Morada da Paz (RS), destacou a importância da consulta prévia, livre e informada para as comunidades tradicionais frente a projetos de desenvolvimento. Ela também ressaltou como as mudanças climáticas afetam especialmente os quilombolas, com a contaminação do ar por agrotóxicos e ameaças aos territórios.
Rosângela Santos Vieira, coordenadora do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP) de Prainha (PA), falou sobre a crise climática e a escassez de peixes, além de denunciar a invasão de madeireiros nos territórios tradicionais. Ela própria, diagnosticada com câncer de pele, não pode mais pescar por causa da exposição ao sol.
Representantes do Coletivo Muvuca, de Santarém (PA), denunciaram a expansão da monocultura da soja na região e seus impactos sociais e culturais. Já representantes de movimentos feministas dos Pampas (RS) destacaram a importância de conectar a luta por justiça climática com a soberania alimentar e a transição justa, com foco no cuidado com as pessoas e o meio ambiente.
A Cúpula dos Povos, que acontece na Universidade Federal do Pará (UFPA) entre os dias 12 e 16 de novembro, é um espaço paralelo à COP30 para a discussão de temas relevantes para as comunidades tradicionais e a busca por soluções para a crise climática.



