Porto Velho se despede de Paulo Ramos, o ferroviário que dedicou sua vida à Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM). ‘Seu’ Paulo, como era conhecido, faleceu nesta semana aos 78 anos, deixando um legado de luta pela preservação da memória e da história do estado.
Paulo começou a trabalhar na EFMM ainda menino, aos 12 anos, e permaneceu fiel aos trilhos por 66 anos. Sua trajetória se confunde com a própria história da ferrovia, testemunhando de perto as transformações e desafios enfrentados pela região.
Mais do que um trabalhador, Paulo Ramos era um defensor incansável da memória da EFMM. Sua voz serena e seu conhecimento profundo ecoaram em diversas ocasiões, inclusive em tribunais, onde lutou por maior atenção e cuidado com o patrimônio histórico.
Ao lado de companheiros como José Bispo de Moraes, Paulo foi fundamental na preservação não apenas das estruturas físicas da ferrovia, mas também das histórias e relatos que guardam a memória de tantas pessoas que trabalharam e viveram ao longo dos trilhos.
O jornalista Júlio Olivar, que teve a oportunidade de acompanhar Paulo em uma visita ao antigo Cemitério da Candelária em 2014, recorda-o como um verdadeiro herói da resistência cultural. “Ali, tive a certeza de que estava diante de dois homens que sabiam muito da história regional, não por ouvir dizer, mas por vivência”, relata Olivar em seu artigo.
Paulo Ramos foi chefe de trem, memorialista, vice-presidente da Associação dos ex-ferroviários da EFMM e, acima de tudo, um símbolo de resistência cultural. Sua morte deixa Rondônia órfã de uma voz simples e firme, que fez da lembrança um ato de coragem.
A partida de Paulo Ramos representa uma grande perda para a história e a cultura de Rondônia, mas seu legado de luta e dedicação à preservação da memória da EFMM permanecerá vivo para as futuras gerações.








