A agência de classificação de risco Moody’s manteve o rating soberano do Brasil em Ba1, com perspectiva “estável”, conforme divulgado nesta quarta-feira (26). A decisão foi tomada após a conclusão de uma revisão periódica iniciada na última quinta-feira (20). Com isso, o país permanece um nível abaixo do chamado grau de investimento.
Economia Brasileira e Desafios
Em relatório, a Moody’s reconheceu a resiliência da economia brasileira frente às tensões comerciais impostas por tarifas dos Estados Unidos, especialmente após o recuo parcial do ex-presidente Donald Trump. No entanto, a agência ressalta que a alta inflação e as taxas de juros elevadas continuam sendo obstáculos para o crescimento. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 4,68% nos 12 meses encerrados em outubro, enquanto a taxa básica de juros, a Selic, atingiu 15%, o maior patamar em quase 20 anos.
Impacto da Política Comercial e Pontos Fortes do Brasil
A Moody’s avaliou que o impacto das tarifas mais altas dos EUA sobre a economia brasileira tem sido limitado. A agência destacou que o Brasil possui uma economia ampla, diversificada e com menor exposição a choques externos. Contudo, alertou para limitações impostas por altos pagamentos de juros, rigidez nos gastos públicos e aumento da dívida.
Reformas Estruturais e Perspectivas Futuras
A Moody’s reconheceu que reformas estruturais implementadas em governos anteriores fortaleceram os investimentos e melhoraram as perspectivas de crescimento. Entretanto, a polarização política ainda representa um entrave para avanços na reforma fiscal e na consolidação das contas públicas.
Segundo a agência, a elevação do rating soberano do Brasil depende do consenso entre formuladores de políticas e o Congresso para aprofundar reformas nos gastos públicos. Entre as medidas citadas estão a redução da vinculação de receitas, a diminuição da indexação de benefícios sociais ao salário mínimo e reformas na Previdência Social, visando criar espaço fiscal e melhorar o perfil de crédito do país. Aprimoramentos no arcabouço da política monetária também seriam importantes para reduzir a vulnerabilidade fiscal do Brasil a ciclos de aperto monetário.
Histórico Recente e Grau de Investimento
Em outubro de 2024, a Moody’s elevou a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva, aproximando o país do grau de investimento. O grau de investimento é um selo de bom pagador, que assegura aos investores um menor risco de calotes. Atualmente, o Brasil possui classificação de grau especulativo, o que indica menor vulnerabilidade no curto prazo, mas ainda enfrenta incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.
Historicamente, o Brasil obteve o selo de bom pagador entre 2008 e 2015. Analistas de mercado estimam que um país que perde esse selo pode levar de 5 a 10 anos para recuperá-lo, sendo que o Brasil está no grau especulativo há nove anos.








