A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ressaltou a importância do Círculo dos Povos durante a Pré-COP (Reunião Ministerial Preparatória para a COP 30) realizada em Brasília nesta segunda-feira (13/10). Em um momento de crise no multilateralismo global, a ministra defendeu a busca por consensos para enfrentar os desafios da emergência climática e destacou o Círculo como uma iniciativa pioneira que pode trazer soluções efetivas.
Participando do encontro, que reuniu líderes de diversos países, Sonia Guajajara enfatizou que a transição energética não pode repetir erros do passado, como a geração de desigualdades e violações. “Não será possível qualquer transição energética se ela reproduzir o que outros processos já fizeram: em nome do suposto progresso e do avanço tecnológico, deixar rastros de violações, violências e desigualdades”, declarou.
A ministra ressaltou a importância de incluir os povos indígenas e comunidades locais nas soluções climáticas, lembrando que eles são tanto os mais afetados pelas mudanças climáticas quanto parte fundamental das respostas. “Nós também somos parte das respostas. Também por isso o Círculo dos Povos é uma inovação importante. E, também por isto, precisamos ir além nesta COP 30”, reforçou.
O Círculo dos Povos, presidido por Sonia Guajajara, foi criado para ampliar a representação de povos indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes na COP 30, que será realizada em Belém entre 10 e 21 de novembro. A iniciativa é formada pela Comissão Internacional Indígena e pela Comissão Internacional de Comunidades Tradicionais, Afrodescendentes e Agricultura Familiar, com o objetivo de fortalecer o diálogo e a participação desses grupos nos debates sobre o clima.
A COP de Belém promete ter a maior participação indígena da história, com a expectativa de receber cerca de 3 mil representantes de todo o Brasil e do mundo em um espaço dedicado na Universidade Federal do Pará (UFPA), que oferecerá atividades culturais, políticas e espirituais.
Sonia Guajajara também apresentou quatro legados que espera para a COP 30: maior financiamento climático para territórios indígenas e comunidades locais, reconhecimento dos territórios indígenas nas resoluções da COP, incorporação do conhecimento tradicional nos indicadores de adaptação climática e proteção dos defensores ambientais.
A Pré-COP reuniu cerca de 65 delegações de países membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) para facilitar consensos sobre temas-chave para a COP 30.