Uma pesquisa inédita confirma a rápida adaptação do mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) na Amazônia, com registros significativos no rio Tocantins. A espécie, originária da Ásia, chegou ao Brasil na década de 1990 e tem causado preocupação devido aos seus impactos ecológicos e socioeconômicos.
O estudo, publicado na Acta Limnologica Brasiliensia, analisou amostras coletadas no Pedral do Lourenço, entre Marabá e Tucuruí (PA), em outubro de 2024. Os resultados indicam uma densidade populacional média de 11.940 indivíduos por metro quadrado – um aumento expressivo em relação aos 88 indivíduos registrados em 2023.

“O registro do mexilhão-dourado na Amazônia é considerado relevante e alarmante devido aos severos impactos socioeconômicos e ambientais que a espécie ocasiona. Modelos de dispersão indicavam alto risco de invasão da bacia amazônica apenas a partir da década de 2030, com consolidação na década de 2050. O fato de já termos encontrado a espécie no rio Tocantins em 2023 destaca um potencial de proliferação muito mais acelerado do que se imaginava”, afirma Rafael Anaisce das Chagas, pesquisador da Universidade Federal do Pará e do CEPNOR/ICMBio.
A presença de indivíduos de diferentes tamanhos, entre 2 e 22 milímetros, sugere que o mexilhão já completou pelo menos um ciclo reprodutivo na região. Comunidades ribeirinhas e piscicultores também relatam a presença do molusco em tanques e rios, reforçando a rápida disseminação da espécie. Os impactos incluem a alteração da qualidade da água, a competição com espécies nativas e prejuízos para a pesca e a aquicultura. A eliminação em ambientes naturais é considerada inviável, sendo o controle focado em estruturas artificiais.
Com informações do Portal Amazônia.









