Após a visita de autoridades à usina de carbonização de resíduos sólidos, que está sendo montada no distrito de Riozinho, em Cacoal, na manhã de terça-feira, 26, técnicos e engenheiros ambientais do Instituto Federal de ciência e Tecnologia do estado de Rondônia (IFRO), das faculdades integradas de Cacoal (UNESC), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sedam) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Cacoal (SEMMAS), retornaram na tarde do mesmo dia ao empreendimento, para uma visita técnica a fim de evitar pressões políticas ou comerciais.
A visita técnica foi proposta pelo secretário de indústria e comércio de Cacoal, Gustavo Reis, que, acompanhado do presidente da Câmara Municipal, Paulo do Cinema (PP), queria entender a fundo como funciona todo o processo de tratamento térmico de resíduos sólidos e sua viabilidade para o município.
Veja no vídeo as explicações de especialistas e pesquisadores sobre o sistema de pirólise.
Grande equívoco
O vereador Jabá Moreira (PRP) havia divulgado amplamente na mídia local, que essa usina iria incinerar lixo, e que iria causar doenças na população do distrito. O fato causou pânico na população, forçando o Ministério Público do Estado (MP), a recomendar a suspensão da licença de manancial, emitida pelo município.
Jabá afirmava veementemente que o chorume do lixo iria contaminar o lençol freático, o que se revelou um grande equívoco.
“O sistema de Pirólise/Carbonização, aproveita inclusive o chorume (liquido derivado do lixo) para o processo de produção de carvão”, explicou a Dra. Karine Stre, engenheira ambiental responsável pela usina.
“Enquanto na incineração há grande quantidade de cinzas para descarte, no tratamento térmico de resíduos sólidos, que é o faremos aqui, o material resultante do processo é o carvão. Havendo apenas 5% de sobras a serem descartadas, representando um ganho ambiental e econômico gigantesco”, finalizou a engenheira ambiental.
Em entrevista no local, ainda na manhã de terça-feira, questionado por um repórter se ele não vê que os dois sistemas são diferentes, Jabá respondeu, irritado: “Não importa o nome, tem que proibir!”, demonstrando um inexplicável desinteresse em entender a tecnologia que será usada em Riozinho, com potencial de gerar um mínimo de 30 empregos diretos.
O vereador, no final das contas, é o único que se opôs á implantação da usina em Cacoal, mesmo antes de receber os esclarecimentos técnicos.
Amigo pessoal do proprietário da empresa que opera o aterro sanitário em Cacoal, e ferrenho defensor do aterro, quando foi implantado no município, o vereador insiste em não querer entender os benefícios do novo empreendimento na cidade, talvez com receio de que a nova unidade possa confrontar comercialmente com a empresa do amigo, por ele defendida.
Na verdade, os dois sistemas se complementam. A pirólise/carbonização, em um primeiro momento, recicla e reduz o volume de lixo a ser descartado. Os 5% de sobras a serem descartadas, conforme foi detalhado pela Dra Karine Stre, acaba precisando ser destinado ao aterro. Sem esse processo, os aterros perdem sua capacidade mais rápido, há mais desperdício, menos reciclagem e menos empregos são gerados.
Custos
Atualmente, Cacoal paga em torno de R$ 140,00 por tonelada, para destinação final do lixo no aterro sanitário.
Esse valor não chegaria a R$ 90,00 se fosse trazido para a usina de carbonização, o que reduziria gastos da prefeitura assim como a taxa de lixo, paga anualmente pelo cidadão.
Além disso, “Eu vejo a possibilidade de trazer mais empregos para a região” salientou a vereadora Maria Simões (PR), uma das propositoras da visita à usina.
Para o professor de engenharia ambiental e membro do conselho municipal de meio ambiente, Leonardo Rosa Andrade, “todo empreendimento que venha a somar para a melhoria da qualidade ambiental é bem vindo. Essa tecnologia já é muito difundida mundo afora e, se for bem operada, é mais eficaz que a incineração e mais correta que os aterros sanitários”, enfatizou.
Finalizando, o especialista ressaltou que “os aterros sanitários são necessários na cadeia de destinação de resíduos sólidos, porém, é o ultimo estágio, precedido pela diminuição de geração de resíduos, reutilização, reciclagem, tratamento (podendo ser feito na usina carbonização) e, por fim, a destinação final, em aterro sanitário”.
Sobre a usina no distrito de Riozinho, o professor do IFRO, Joel Martins Braga Junior resumiu, “o grande problema desse projeto é o medo do novo. Porém é o novo que irá trazer um ambiente mais limpo pra gente”.
E concluiu, ”A gente não pode ter medo dessa tecnologia que está chegando”.