Uma megaoperação da Polícia Militar de Rondônia (PMRO) abalou a zona rural de Porto Velho na manhã desta sexta-feira (11 de abril de 2025). Cerca de 30 pessoas supostamente ligadas à Liga dos Camponeses Pobres (LCP) foram presas durante a desarticulação de um acampamento ilegal.
A ação ocorreu em uma área de mata entre os distritos de União Bandeirantes e Nova Mutum Paraná. O objetivo era coibir práticas criminosas associadas ao grupo, como invasão de terras, ameaças a proprietários, desmatamento ilegal e porte de armamento.
Detalhes da operação na zona rural
A investida policial, que contou com o importante apoio da Polícia Ambiental e da Gerência de Aviação (GAVE) da SESDEC, não foi aleatória. Ela foi cuidadosamente planejada e executada com base em uma ordem judicial (processo nº 0021.019435/2025-46).
O foco principal da operação foi a região conhecida como Linha G. Denúncias recebidas pelas autoridades indicavam a existência de um acampamento bem estruturado no local. Assim, ao chegarem, os policiais confirmaram a presença de faixas da LCP, barracos improvisados e até veículos com sinais identificadores suprimidos, dificultando o rastreamento.
O que foi encontrado no acampamento?
Durante a varredura minuciosa do local, os policiais apreenderam uma quantidade significativa de itens que indicam a organização e as possíveis intenções do grupo. Além disso, a estrutura encontrada era complexa, mostrando um certo nível de planejamento.
Entre os materiais apreendidos, destacam-se:
- Rádios comunicadores (para coordenação interna)
- Facões e foices (ferramentas de trabalho e potenciais armas brancas)
- Motosserras (possivelmente usadas para desmatamento ilegal)
- Celulares (para comunicação externa e interna)
- Artefatos explosivos (descritos como fogos tipo bomba)
- Dez motocicletas e um automóvel (todos com documentação irregular ou inexistente)
Lideranças presas em flagrante
Entre os quase 30 detidos, algumas figuras chamaram mais a atenção das autoridades por seu suposto papel de liderança dentro do movimento. Um deles é A.D.M.T., apontado como um dos líderes do grupo. Ele foi preso em flagrante.
No carro de A.D.M.T., os policiais encontraram uma pistola Taurus G2C calibre 9mm, que estava municiada e não possuía registro legal. Além disso, foram achadas com ele latas de tinta spray vermelha, material comumente usado na confecção de bandeiras da LCP e em pichações com mensagens de intimidação em propriedades da região. Ele mantinha um lote no acampamento conhecido como “Galo Velho”.
Outro preso relevante foi W.S.B. Durante a abordagem, ele confessou aos policiais que utilizava motosserra para a derrubada de árvores nativas, inclusive em área de preservação permanente (APP). Portanto, essa confissão reforça as suspeitas de crime ambiental no local.
A polícia também localizou uma espingarda calibre 20, que estava escondida entre os barracos. Essa descoberta sugere uma tentativa clara de ocultar o armamento ilegal durante a chegada das forças de segurança. A ação rápida dos policiais impediu que a arma fosse descartada.
Assim, durante a operação, a polícia também deteve I.G.L., mais conhecido pelo apelido de “Chapéu”. Ele ainda tentou escapar correndo para a mata quando percebeu a chegada das viaturas, mas foi alcançado e preso pelos agentes.
Acusações e modus operandi do grupo
Segundo as informações levantadas pela investigação policial até o momento, os acampados não estavam apenas ocupando a terra. Eles exerciam funções de segurança armada dentro da área invadida.
Esse grupo realizava rondas constantes para controlar quem entrava e saía do local. Por isso, eles impediam ativamente o acesso dos legítimos proprietários às suas terras, configurando uma clara situação de conflito possessório.
Assim, a polícia caracteriza essas ações como esbulho possessório (a tomada forçada da posse de um bem) e também investiga a possível formação de milícia privada, dado o caráter armado e organizado da segurança do acampamento. Além dos mencionados, outros envolvidos como D.C.P., L.A.L. e A.P.S. também foram presos na operação.
Contexto e próximos passos
Essa operação policial não é um fato isolado. Ela se insere em um contexto mais amplo de conflitos agrários que historicamente marcam o estado de Rondônia. As forças de segurança têm buscado intensificar o combate a grupos que, muitas vezes sob o discurso da luta pela terra, acabam por praticar atos ilegais e violentos.
No entanto, as autoridades reforçam que a atuação policial visa, acima de tudo, garantir o cumprimento da lei e a manutenção da ordem pública na região, protegendo os direitos de todas as partes envolvidas, inclusive dos pequenos produtores e proprietários rurais.
Todos os suspeitos detidos na operação e o material apreendido foram encaminhados às autoridades competentes na Delegacia de Polícia Civil. Lá, serão realizados os procedimentos legais cabíveis, como o registro das ocorrências e a autuação dos flagrantes. A investigação policial continua em andamento para apurar completamente os fatos e identificar todas as responsabilidades individuais e coletivas.
Com informações do SGC