A marapuama (Ptychopetalum olacoides Bentham), também conhecida como muirapuama ou miranãa, é uma planta nativa da Amazônia brasileira, presente também na Guiana Francesa, Guiana e Suriname. Amplamente utilizada por comunidades tradicionais e pela indústria farmacêutica, alimentícia e cosmética, a espécie se destaca por suas propriedades medicinais e valor econômico.
O nome “marapuama” tem origem indígena, combinando as palavras muira (lenho ou árvore) e puama (forte ou potente), refletindo sua reputação como “árvore da força”.
Tradicionalmente, a marapuama tem sido utilizada por povos indígenas amazônicos por suas propriedades estimulantes e afrodisíacas, sendo exportada para diversos países. Segundo especialistas, a planta é amplamente utilizada por suas propriedades estimulantes e afrodisíacas, sendo exportada para diversos países.
No início do século XX, a alta demanda comercial impulsionou a exportação da marapuama, o que, infelizmente, levou a falsificações e substituições por outras espécies. A exploração intensa e sem manejo adequado colocou a planta em risco.
Características e composição da marapuama
A marapuama cresce naturalmente na floresta de terra firme da Amazônia, sendo mais comum nos estados do Amazonas, Pará e Amapá. Pesquisas indicam que, apesar do seu elevado potencial medicinal, ainda há pouca informação detalhada sobre sua composição química.
Estudos identificaram nas raízes e cascas da planta óleos essenciais, esteroides, taninos e alcaloides. Dentre os compostos mais estudados estão o β-sitosterol, lupeol, α-pineno, canfeno e cânfora, associados a propriedades antioxidantes e neuroprotetoras.
Além disso, observou-se efeitos antidepressivos e antiestresse. Acredita-se que o efeito neuroprotetor da marapuama se deve à sua capacidade de melhorar a eficácia da rede celular antioxidante no cérebro, reduzindo o estresse oxidativo. Pesquisas recentes também sugerem que a planta pode melhorar a memória e auxiliar na recuperação pós-isquemia cerebral.
Uso industrial e cadeia produtiva
A exploração da marapuama ainda é majoritariamente extrativista. A produtividade pode chegar a 3 ou 4 toneladas por hectare ao ano, com um ciclo de retorno de até cinco anos. No entanto, a falta de incentivos para o cultivo sustentável e o corte indiscriminado das raízes ameaçam a espécie.
A marapuama é utilizada em indústrias farmacêuticas, de cosméticos e de bebidas. Ela serve como flavorizante natural em bebidas energéticas e alcoólicas, e é encontrada em extratos, tinturas e cápsulas manipuladas na indústria farmacêutica. Um exemplo é o fitoterápico Catuama, que combina a marapuama com guaraná e gengibre.
Em feiras e mercados regionais da Amazônia, o extrato da planta é comercializado como pó ou em chás medicinais. Popularmente, é utilizada para combater reumatismo, fraqueza sexual, dores musculares e fadiga.
Conhecimento tradicional e legislação
O uso tradicional da marapuama está profundamente enraizado na cultura amazônica. Povos indígenas e comunidades ribeirinhas utilizam a planta em infusões e banhos medicinais para tratar problemas neuromusculares, gastrointestinais e reumáticos. Um estudo etnobotânico na Floresta Nacional do Amapá confirmou que a marapuama é considerada eficaz no tratamento de impotência sexual e dores musculares.
No mercado internacional, a marapuama é encontrada em cápsulas, extratos secos e suplementos multivitamínicos, voltados para a melhoria do desempenho físico e cognitivo.
O uso e o acesso ao patrimônio genético da marapuama são regulamentados pela Lei da Biodiversidade (Lei nº 13.123/2015), que visa garantir a repartição justa dos benefícios e coibir a biopirataria.
A marapuama representa uma oportunidade para a bioeconomia amazônica, gerando renda para as comunidades locais e contribuindo para a conservação da floresta. No entanto, o desenvolvimento de técnicas de domesticação e cultivo sustentável é crucial para garantir a preservação da espécie e o fortalecimento de sua cadeia de valor.



