Uma semana após a ida de deputados estaduais à Brasília, para se juntar aos outros oito deputados federais e os três senadores rondonienses, além do próprio governador do estado, para cobrar do Ministério de Minas e Energia, o fim do reajuste nas tarifas, há um relativo silêncio no âmbito político, sobre o escárnio contra o povo de Rondônia.
O que se apresentou como novidade, foi apenas uma nota, emitida pela Energisa, tentando explicar porque está havendo o reajuste.
Diz a nota. “Você sabia que a cada 100 reais de uma conta de luz residencial, em Rondônia, pouco mais de 20 vão para a Ceron? O restante do valor diz respeito aos impostos e aos custos com a transmissão e com a compra de energia”.
Razão social
Observe que não é usado o nome fantasia da empresa atual de distribuição de energia elétrica, que é a Energisa, e sim, a razão social Ceron (Centrais Elétricas de Rondônia).
Essa é uma estratégia clara de tentar diminuir o impacto negativo que a Energisa obteve, já no seu primeiro contato com o consumidor rondoniense.
O nome Ceron não é usado há mais de uma década, quando a empresa passou a ser chamada “Eletrobrás Distribuição Rondônia”, que depois, no segundo semestre de 2018, foi vendida à Energisa.
o grande índice de rejeição da empresa aponta para fechamento da br na quarta
A Energisa tem 13 distribuidoras de energia, atua em 11 estados e, na maioria deles, tem alto índice de rejeição. Talvez seja esse o motivo de não adotar o próprio nome, ao operar em Rondônia.
Mas o consumidor do estado tem se mostrado atento.
Em uma publicação em redes sociais e grupos de Whats App, cuja fonte e veracidade não pôde ser confirmada, fala-se em fechamento da BR 364, no dia 06 de março, Quarta-feira de Cinzas.
A maior corrente
A PRF se manifestou e o Conselho de Direitos do Consumidor negou que aja movimento nesse sentido, mas, o assunto formou a maior corrente da semana nas redes sociais. E isso, por si só, já é um termômetro do suposto engajamento popular à um futuro manifesto.
A preocupação com o fechamento da principal rodovia do estado fez parte do discurso do presidente da Assembleia Legislativa, Laerte Gomes, em Brasília, na semana passada, no Ministério de Minas e Energia, quando disse que a casa de leis apoiaria uma manifestação nesse sentido.
Dias antes, a Polícia Rodoviária Federal, em reunião, deu a entender que também tinha essa preocupação.
sociedade civil organizada coleta assinaturas contra reajuste da tarifa
Em Vilhena, o Ministério Público, por meio da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca, está promovendo uma mobilização para coleta de assinaturas em abaixo-assinado contra reajuste da tarifa de energia elétrica.
O objetivo é mobilizar a sociedade civil e os cidadãos em geral, para forçar a suspensão do reajuste da tarifa de energia elétrica, ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Rondônia, Conselho Estadual de Defesa do Consumidor (Condecon), Defensoria Pública do Estado de Rondônia e Ministério Público Federal, contra a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Energisa/Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron).
Assinaturas
Os pontos para coleta de assinaturas estão instalados na sede da Promotoria de Justiça de Vilhena, na Defensoria Pública de Vilhena e Núcleo de Prática Jurídica (AVEC).
Engajados
No Mato Grosso do Sul, dezenas de vereadores, de quase todas as cidades, estão engajados no “Movimento Energia Cara Não”, que já colheu mais de 30 mil assinaturas a um documento que será encaminhado à Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, responsável pela fiscalização e punição contra os abusos de tarifa da Energisa, que promoveu o verdadeiro caos no Estado, elevando a tarifa de milhares de consumidores em percentuais injustificáveis em 100%, 200% e até a mais de 500% no estado.
além do custo exorbitante, há sinais de incompetência
No Acre, uma manifestação realizada na manhã do dia 27 de fevereiro, em frente à sede da Energisa (antiga Eletrobras Acre), em Rio Branco, exigia o fim do reajuste de 21% autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para os serviços no Estado.
Em Mato Grosso, a má qualidade dos serviços da Energisa, levaram a empresa a uma derrota na justiça.
A empresa que detém a concessão de energia elétrica no Estado, foi condenada a indenizar os donos de um aviário em mais de R$ 40 mil por danos morais e materiais sofridos após a morte de 24 mil aves, devido a uma descarga elétrica que deixou o galpão onde os animais estavam sem energia.
Na decisão, a juíza condenou a Energisa a pagar R$ 17.335 por danos materiais e 25 salários mínimos (aproximadamente R$ 24,9 mil) por danos morais, além das custas processuais e honorários advocatícios.
Discurso
A má qualidade da distribuição de energia também pautou o discurso do deputado estadual Jean de Oliveira (MDB), que manifestou insatisfação com a Energisa.
Jean relatou que esteve em Brasília com outros parlamentares em reunião com o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, para exigir o fim do reajuste abusivo das tarifas de energia em Rondônia, autorizado pela Aneel.
“Nossa viagem foi amplamente divulgada, pelas nossas redes sociais e site institucional e com isso recebi muitas reclamações, principalmente dos moradores de Alta Floresta do Oeste, que pagam caro por um serviço de péssima qualidade”, afirmou Jean.
Segundo o deputado, há anos o município de Alta Floresta do Oeste enfrenta dificuldades com a qualidade da energia elétrica e por diversas vezes tentou intervir pelo município através de reuniões e audiências públicas, contudo, parece que com a privatização, todo seu esforço foi perdido.