O presidente defende expansão do Conselho de Segurança da ONU
Durante um encontro do G7 no Japão, neste sábado (20), o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou seu apoio à representação apropriada de nações emergentes nos principais mecanismos de governança global, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Lula fez o seu pronunciamento no evento, realizado em Hiroshima, onde o Brasil participa como convidado, ao lado de líderes políticos de outros 15 países e da União Europeia.
“Formar blocos antagonistas ou dar respostas que beneficiem um grupo limitado de nações não é a solução. Esta perspectiva é especialmente relevante neste momento de transição para uma ordem multipolar, que necessitará de transformações significativas nas instituições”, argumentou Lula.
Segundo o presidente brasileiro, nenhum país é capaz de lidar individualmente com as ameaças “sistêmicas da atualidade” e, para resolver as “crises múltiplas” mundiais, é fundamental que as nações tenham suas vozes reconhecidas.
“É ilógico convocar nações emergentes para ajudar a solucionar as múltiplas crises enfrentadas pelo mundo, sem considerar suas legítimas preocupações e sem garantir que estejam devidamente representadas nos principais mecanismos de governança global”, disse.
“A solidificação do G-20 como principal fórum de deliberação econômica internacional foi, sem dúvida, um progresso. Ele será ainda mais eficaz se sua composição refletir as necessidades e interesses de todas as regiões do mundo. Isso implica em uma representação mais adequada dos países africanos”, afirmou no discurso.
Lula reafirmou seu apoio à expansão do Conselho de Segurança da ONU, órgão responsável por tomar decisões internacionais significativas, atualmente composto apenas por Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.
“As coalizões não são um objetivo em si, mas servem para impulsionar iniciativas em ambientes plurais como o sistema ONU e suas organizações parceiras. Sem reformar o seu Conselho de Segurança e incluir novos membros permanentes, a ONU não recuperará a eficiência, a autoridade política e moral para lidar com os conflitos e dilemas do século XXI. Um mundo mais democrático na tomada de decisões que afetam a todos é a melhor garantia de paz, de desenvolvimento sustentável, de direitos para os mais vulneráveis e de proteção ao planeta. Antes que seja tarde demais.”
Bem-estar social Lula, em seu discurso, também criticou o enfraquecimento do sistema de comércio multilateral e o protecionismo adotado pelos países desenvolvidos. “A Organização Mundial do Comércio permanece estagnada. Ninguém se lembra mais da Rodada de Doha. Os desafios se acumularam e se intensificaram. Cada ameaça que negligenciamos, gera novas urgências. O mundo hoje enfrenta a sobreposição de múltiplas crises: a pandemia da Covid-19, mudanças climáticas, tensões geopolíticas, um conflito no coração da Europa, pressões sobre a segurança alimentar e energética e ameaças à democracia”
Para enfrentar tais ameaças, o presidente acredita que “é necessário uma mudança de mentalidade. Precisamos derrubar mitos e abandonar paradigmas que já se desmoronaram”.
Lula também defendeu que o sistema financeiro global deveria servir à produção, ao trabalho e ao emprego.
Ele observou que a dívida externa que aflige países como a Argentina gera uma “desigualdade flagrante e crescente” e, portanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) precisa levar em conta as consequências sociais em suas políticas de ajuste.
“Desemprego, pobreza, fome, degradação ambiental, pandemias e todas as formas de desigualdade e discriminação são problemas que exigem respostas socialmente responsáveis. Essa tarefa só é possível com um Estado que promova políticas públicas focadas na garantia de direitos fundamentais e no bem-estar coletivo”.
Economia verde Lula enfatizou que o mundo precisa se comprometer com o desenvolvimento sustentável, apoiando estados que incentivem a transição ecológica e energética, além de promover indústria e infraestrutura verdes.
“A falsa dicotomia entre crescimento e proteção ambiental já deveria estar superada. A luta contra a fome, a pobreza e a desigualdade deve voltar ao centro da agenda internacional, garantindo o financiamento adequado e a transferência de tecnologia. Para isso, já temos um guia, acordado multilateralmente: a Agenda 2030.”
Além do Brasil, participam da Cúpula do G7, Japão, Austrália, Canadá, Comores, Ilhas Cook, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Coreia do Sul, Reino Unido, Estados Unidos, Vietnã e União Europeia.