O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta segunda-feira (6), de uma videoconferência com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A possibilidade de um encontro entre os dois líderes havia sido anunciada por Trump durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, no mês passado.
Tarifa e diálogo
A conversa ocorre em um momento de tensão comercial, devido à imposição de uma sobretaxa de 50% a produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos. Trump anunciou a medida de forma progressiva ao longo dos meses.
Após um breve contato durante a Assembleia da ONU, Trump afirmou ter havido uma “química” positiva com Lula e expressou o desejo de aprofundar o diálogo. O presidente brasileiro, por sua vez, declarou que o encontro, antes considerado “impossível”, tornou-se realidade, e também ressaltou a boa relação entre os dois.
Auxiliares de Lula preferiram um primeiro contato virtual a uma reunião presencial imediata, buscando estabelecer pontos de convergência e confiança antes de negociações comerciais mais aprofundadas.
Relação complexa
A relação entre Lula e Trump tem sido historicamente delicada desde a eleição deste último, em 2024. A diplomacia brasileira adota, portanto, uma postura cautelosa. Há receios de que auxiliares de Trump possam tentar dificultar a aproximação entre os dois presidentes, considerando o histórico de posições voláteis do líder americano.
A imposição da tarifa foi interpretada por alguns como uma tentativa de interferência nos casos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas a medida não obteve o efeito desejado. Bolsonaro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe e outros crimes.
Lula reafirmou na ONU a importância da independência do Judiciário e da soberania brasileira, ao mesmo tempo em que manifestou abertura para discutir questões comerciais com Trump, incluindo temas como a regulação de empresas de tecnologia e a exploração de terras raras.
A tarifa, que começou a ser aplicada em 6 de agosto, afeta cerca de 36% das exportações brasileiras para os EUA. Trump justificou a medida com argumentos econômicos, como um suposto déficit comercial (não confirmado por dados oficiais), e políticos, relacionados ao processo judicial de Bolsonaro e à “liberdade de expressão de cidadãos americanos”.










