Lula diz que quem apostar em alta de dólar terá prejuízo

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Lula diz que quem apostar em alta de dólar terá prejuízo

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Presidente destaca importância da microeconomia para o país

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (27) que quem apostar na valorização do dólar em relação ao real vai “quebrar a cara”, assim como aconteceu em 2008. A declaração foi feita durante a 3ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão, no Itamaraty.

Segundo Lula, parte da alta do dólar é causada pela forma “cretina” como algumas informações são apresentadas pela mídia. Ele citou comentaristas que atribuíram a alta da moeda norte-americana a uma entrevista concedida por ele ao portal UOL. “Quando terminei a entrevista, a manchete de alguns comentaristas era que o dólar subiu por causa da entrevista do Lula. Os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar a entrevista. Esse mundo perverso, de pessoas falarem o que querem sem medir a responsabilidade do que dizem, é muito ruim”, criticou.

O presidente também disse que quem apostar no fortalecimento do dólar e no fracasso do real vai perder dinheiro: “Eu já vi isso em 2008. As pessoas que achavam que era importante ganhar dinheiro apostando no fortalecimento do dólar quebraram a cara. E vão quebrar outra vez”.

Desonerações e Responsabilidade Fiscal

Lula aproveitou o encontro para defender a gestão econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem sido alvo de críticas por exigir contrapartidas dos setores beneficiados por desonerações. “Esse moço [Haddad] sofreu com a questão da desoneração dos 17 setores pelo Congresso Nacional. Eu não sou contra desonerações, desde que apresentem contrapartidas para o trabalhador. Pelo menos que isso se transforme em estabilidade para os trabalhadores”, afirmou o presidente.

Ele também reafirmou seu compromisso com a responsabilidade fiscal e destacou que a situação da dívida pública brasileira é melhor que a de muitos países desenvolvidos. “Eu só posso gastar o que tenho. Se eu fizer uma dívida, tem que ser para aumentar o patrimônio brasileiro. Vamos parar de olhar a dívida pública brasileira com medo. Comparada à dos Estados Unidos, Japão, Itália ou França, a nossa é troco, de tão pequena que é”, argumentou.

Microeconomia

Lula ressaltou a importância da microeconomia e seu potencial para gerar empregos e oportunidades. “A microeconomia muitas vezes gera muitos empregos e uma produtividade extraordinária. É preciso entender a macroeconomia, mas também saber o que está acontecendo lá embaixo. Não com quem tomou bilhões emprestados, mas com quem tomou R$ 5 mil ou R$ 10 mil”.

Ele destacou que distribuir riqueza é essencial para a ascensão social e criticou a concentração de dinheiro nas mãos de poucos. “Muito dinheiro na mão de poucos significa pobreza, desemprego, prostituição, desnutrição e analfabetismo. Pouco dinheiro na mão de muitos significa o contrário: mais educação, melhor transporte, mais salário e crescimento”, explicou.

Lula também afirmou que deseja transformar o Brasil em um país de classe média, com padrão de vida semelhante ao da Suécia, Dinamarca e Alemanha. “Vocês acham que eu quero um país igual a Rússia ou Cuba? Não! Eu quero um país com um padrão de vida igual ao da Suécia, Dinamarca, Alemanha”.

Por fim, o presidente lembrou que nos últimos 15 meses, os bancos públicos foram os que mais disponibilizaram crédito no país. “Eles emprestam mais do que os privados, provavelmente porque os privados estão comprando títulos do governo a 10,5%”, disse, criticando as altas taxas de juros que desestimulam investimentos produtivos.