O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca uma reaproximação com o presidente Donald Trump durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lumpur, Malásia, no domingo (26/10). A viagem de Lula ao Sudeste Asiático, com passagens pela Indonésia e Malásia, inicialmente focada na diversificação de rotas comerciais em resposta às políticas de Trump, ganha um novo contorno com a expectativa de um encontro bilateral.
Contexto das Relações
Desde o retorno de Trump à Casa Branca, o Brasil buscou alternativas para mitigar o impacto de possíveis barreiras comerciais impostas por Washington. No entanto, a possibilidade de um encontro presencial entre os dois líderes, após breves interações na Assembleia Geral da ONU em setembro, alterou a dinâmica da viagem.
A relação entre os países se deteriorou após a implementação, em agosto, de uma tarifa de 50% sobre a maioria dos produtos exportados pelo Brasil. Além disso, o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) abriu uma investigação sobre supostas práticas comerciais desleais do Brasil. Em resposta a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, a Casa Branca também impôs restrições de vistos a autoridades brasileiras e sanções financeiras ao ministro Alexandre de Moraes e sua esposa.
Expectativas para o Encontro
A reunião na Malásia será o primeiro encontro formal entre os dois chefes de Estado desde a escalada das tensões. Embora nenhum dos lados tenha confirmado oficialmente o encontro até a manhã desta sexta-feira (24/10), fontes do governo brasileiro indicam que a expectativa é alta. Trump, em declarações recentes, defendeu a manutenção das tarifas sobre o gado brasileiro, argumentando que beneficiam os pecuaristas americanos. Lula, por sua vez, tem defendido o uso de moedas alternativas ao dólar no comércio internacional.
Apesar das divergências, especialistas como Fernanda Nanci Gonçalves, professora de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), enxergam espaço para um diálogo pragmático, evidenciado pela recente comunicação entre os dois governos e o encontro entre os chanceleres em Washington. Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, ressalta a complexidade das negociações, mas acredita que o encontro pode estabelecer uma agenda de discussões.
Diversificação Estratégica e Parcerias na Ásia
A viagem de Lula ao Sudeste Asiático faz parte de uma estratégia maior de diversificação de parcerias comerciais. A Asean, com mais de 680 milhões de habitantes e um PIB agregado de cerca de US$ 4 trilhões, representa um mercado importante para o Brasil. O presidente já esteve na Indonésia, onde assinou acordos de cooperação em diversas áreas, e busca fortalecer laços com a Malásia, especialmente no setor de microprocessadores.
A Indonésia e a Malásia são mercados importantes para o agronegócio brasileiro, e há potencial para expandir o comércio em áreas como energia limpa e tecnologia. Lula também aproveitou a viagem para discutir temas globais, como a situação em Gaza e a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com líderes da região.










