O livro “A Castanha do Pará na Amazônia” revela como a castanha se tornou uma atividade econômica crucial na região. Conhecida por diversos nomes, como castanha-do-Brasil e noz amazônica, a semente é usada na culinária e na indústria de cosméticos, além de possuir propriedades que podem retardar o envelhecimento e prevenir certos tipos de câncer.

O livro é uma extensão da tese de doutorado ‘Do extrativismo à domesticação: as possibilidades da castanha-do-pará’, defendida na USP. O historiador José Jonas Almeida destaca a importância da castanha-do-pará para a economia amazônica e para a subsistência das populações tradicionais da região.

Almeida estudou a economia da cidade de Marabá durante a ditadura militar brasileira e descobriu que a cidade foi a maior produtora de castanhas do mundo. A partir de suas pesquisas, o historiador evidencia que a atividade da castanha-do-pará foi vital para a economia de municípios como Marabá na primeira metade do século 20.

Além disso, Almeida desvendou como ocorreu o processo de domesticação da planta, algo essencial para a produção em larga escala da castanha. Apesar das tentativas de cultivo da castanha-do-pará em outros locais, como Sri Lanka, Malásia e Austrália, o sucesso comercial foi limitado devido à necessidade de um ecossistema específico e da presença de insetos polinizadores específicos da Amazônia.

O mercado interno para a castanha-do-pará no Brasil sempre foi pequeno. Mesmo que a semente seja conhecida internacionalmente, o consumo no país é limitado principalmente devido ao preço alto.

Almeida também analisou as mudanças no mercado de exportação da castanha, que colocaram o Brasil em segundo lugar como maior produtor, atrás da Bolívia. A falta de atualização nas técnicas de extração e cultivo, bem como questões de contaminação por aflatoxina, contribuíram para essa mudança.

O desmatamento em áreas da Amazônia brasileira também teve um impacto significativo na produção de castanha. Marabá, que foi um grande centro produtor até a década de 1980, agora se sustenta com agropecuária e o setor terciário.

Almeida sugere que a combinação de extrativismo e cultivo poderia ser a chave para o Brasil retomar a posição de maior exportador de castanha-do-pará. O plantio consorciado com outras plantas, como a pupunha, pode ser uma alternativa promissora.



Fonte: Jornal da USP, assinado por Denis Pacheco. Acesse o material original aqui.










